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Ação terrestre mata civis, narram habitantes de Gaza
Pessoas com membros decepados mas sem lesões letais são barradas em hospitais
Divisão do território, cercos a campos de refugiados e telefonia precária provocam desinformação no dia em que mercado é alvejado
DA REDAÇÃO
A exemplo dos ataques aéreos que a antecederam, a incursão israelense que dividiu a
faixa de Gaza ao meio durante o
final de semana gerou um alto
número de baixas entre os civis
palestinos. Ontem, além de
mesquitas e residências, houve
ataques também contra o principal mercado da região, na Cidade de Gaza -elevando acima
de 500 o número de palestinos
mortos desde o início da ação
de Israel, que registrou cinco
mortes no mesmo período.
"Quantos bebês inocentes,
crianças e civis mais têm que
morrer antes de o Conselho de
Segurança erguer a mão por
uma resolução de paz?", indagou Chris Gunness, da agência
humanitária da ONU.
Ele relatou que pacientes
com ferimentos não-letais
-incluindo gente que teve
membros decepados durante
os ataques- eram mandados
de volta para casa por falta de
leitos e médicos em Gaza, cujas
autoridades contabilizaram 64
civis mortos pela ação terrestre, que destruiu casas, motivando centenas de desabrigados a buscarem ajuda da ONU.
Na Cidade de Gaza, moradores contaram que a investida
terrestre piorou as já combalidas operações de linhas elétricas, cabos telefônicos, saneamento básico e abastecimento
de água. Antes da invasão, bombardeios israelenses, sob alegação de visar alvos do Hamas,
atingiram prédios e infraestrutura públicos dos palestinos.
Ontem, a empresa que opera
os telefones na faixa de Gaza
alertou que a região pode perder contato com o mundo exterior em razão dos ataques, destacando que 90% do serviço de
telefonia celular já parou.
Esse quadro, aliado ao fato de
existirem regiões cercadas pelos militares acirra a desinformação dos civis. O correspondente da emissora britânica
BBC na área, por exemplo, narrou não ter conseguido contato
com parentes no campo de Jabaliya para indagar sobre um
morador, um de seus primos,
cuja morte havia sido noticiada
antes numa rádio local.
Sua dúvida não foi a única
sem resposta ontem. "É comida. O que mais podemos fazer?", perguntou o palestino
Lubna Karam no que sobrou de
sua casa em Gaza antes de abrir
uma lata de feijão, o único alimento que conseguiu prover
para sua família de dez pessoas.
Eles estão sem luz e sem gás de
cozinha há uma semana e têm
dormido no frio, pois as janelas
da residência foram destruídas
pelos bombardeios.
No sul da faixa de Gaza, que
não foi palco de ação terrestre
ontem, o refugiado Anas Mansour, morador do campo de Rafah, questionou vizinhos, que
colocaram o que tinham numa
carroça e partiram: "Para onde
podemos ir? É tudo igual".
Mesmo assim, ele disse que
tem dormido sempre vestido e
com os documentos no bolso,
caso precise sair rapidamente
de casa em emergência.
Como o bloqueio à faixa de
Gaza impede a entrada de jornalistas, os relatos provenientes da área palco do conflito são
de moradores da região que lá
estavam antes do fechamento
das fronteiras do território palestino com Israel.
Com agências e "Financial Times"
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