|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
artigo
Desta vez, Israel terá sucesso
LAWRENCE FREEDMAN
A operação em Gaza é
consequência direta da
guerra de 2006 no sul do
Líbano. As semelhanças
entre ambas estão levando
muitos a prever resultado
semelhante, com Israel
condenado por provocar
sofrimento humano e, ao
mesmo tempo, sofrer uma
humilhação militar.
Como em 2006, Israel
reage a provocações lançadas do outro lado de sua
fronteira e combate em
territórios que ocupou no
passado, mas dos quais se
retirou na esperança de viver com mais calma. Como
em 2006, a operação começou com ataques aéreos criticados como desproporcionais, seguidos,
com receios, por uma
ofensiva terrestre.
Em 2006, os israelenses
feriram o Hizbollah, mas
não conseguiram alcançar
seus objetivos políticos excessivamente ambiciosos.
Eles pareceram não ter
resposta a dar aos foguetes
disparados contra Israel
por milícias móveis e se
saíram mal no enfrentamento com essas milícias
em combates terrestres.
O Hamas achou que
também poderia lançar
ataques de foguetes contra
Israel com impunidade.
Israel sabe que, se fracassar de novo, terá reduzido
qualquer dissuasão contra
ataques futuros.
Mas a lições aprendidas
em 2006 podem ser vistas
em todos os aspectos da
campanha atual. Em lugar
de resposta militar improvisada, o governo israelense avisou o Hamas dos riscos que uma nova ofensiva
com foguetes incorreria.
Israel não se fixou objetivos pouco realistas: fala
mais em reduzir que em
eliminar a infraestrutura
militar do Hamas.
Gaza é um ambiente
operacional menos temível que o Líbano. Dividir o
território em dois, reduzindo a capacidade de
combatentes do norte obterem abastecimento do
sul, dá a Israel uma posição que poderá manter se
ficar atolado em Gaza por
muito tempo.
Desta vez foi o Hamas
que cometeu os erros
maiores. O grupo não levou em conta como poderia reagir um governo israelense a poucas semanas
de uma eleição geral. Politicamente, se colocou em
uma posição em que um
cessar-fogo será visto como derrota, porque vai
exigir aceitar o fim dos disparos de foguetes.
Os apelos por um cessar-fogo vão aumentar. Se
for oferecido monitoramento apropriado, Israel
deve aceitar. Sem um cessar-fogo, os riscos para Israel aumentarão. Se os foguetes continuarem a chegar, perguntas serão feitas
sobre o que foi conquistado de fato.
O valor de qualquer vitória que Israel declarar
após um cessar-fogo será
contestado se as divergências que tornam esses choques tão regulares continuarem. A premissa de
que esta rodada mais recente vai endurecer as atitudes palestinas pode ser
acertada. Mas é igualmente provável que uma combinação de cansaço de
guerra e um Hamas enfraquecido abra novas oportunidades.
Para que estas possam
ser aproveitadas, Israel terá que afrouxar seu controle sobre a vida e o território palestino, a fim de
que suas declarações sobre seu desejo de paz ganhem mais credibilidade.
LAWRENCE FREEDMAN é professor de
estudos da guerra no King's College de
Londres. Este artigo foi publicado no "Financial Times"
Texto Anterior: Veto israelense motiva apelos de jornalistas à criatividade Próximo Texto: Artigo: Israelenses fazem aposta perigosa Índice
|