São Paulo, terça-feira, 05 de janeiro de 2010

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entrevista

"Não há solução "made in USA" para o Iêmen"

DE NOVA YORK

Para o analista do Instituto Brookings Bruce Riedel, ex-agente da CIA e responsável pela reformulação da política do governo Barack Obama para o Afeganistão e o Paquistão, o Iêmen vai se tornar cada vez mais perigoso, mas uma ação militar dos EUA não é a solução para o terrorismo local. (JL)

 

FOLHA - O Iêmen é agora o novo foco no combate ao terrorismo?
BRUCE RIEDEL
- O Iêmen tem sido um front na batalha contra o terrorismo desde o ataque ao USS Cole em 2000 [por militantes da Al Qaeda com um saldo de 17 marinheiros mortos]. Mas se tornou um novo front para a mídia porque, pela primeira vez, você vê a Al Qaeda no Iêmen atacando ou tentando atacar dentro dos EUA. No passado, visaram alvos no Iêmen. Estão se transformando e apoiaram o massacre de Fort Hood, além da tentativa de ataque no Natal.

FOLHA - O que o fechamento das missões no Iêmen significa?
RIEDEL
- Significa que um país que já enfrenta enormes problemas políticos e econômicos e insurgências vai ser ainda mais separado do restante do mundo. Devemos esperar que o fechamento das embaixadas seja algo temporário. O Iêmen se tornou um lugar muito perigoso para estrangeiros, para trabalhar e para viajar, e deve ficar ainda mais perigoso. A Al Qaeda ganha fôlego em países como o Iêmen, espaços sem a presença do governo, com segurança fraca e um grande número de homens jovens desempregados, em busca de uma causa. Sob esse ponto de vista, é muito parecido com o Afeganistão. E reúne as condições propícias para a Al Qaeda.

FOLHA - A parceria com o governo do Iêmen é viável?
RIEDEL
- Os EUA e o Iêmen têm um relacionamento difícil desde 1990, quando o Iêmen apoiou Saddam Hussein na primeira Guerra do Golfo. Já temos duas décadas de desconfiança dos dois lados sobre o compartilhamento de informações. Será difícil superar isso, mas não há solução "made in America" para o caso da Al Qaeda no Iêmen. A cooperação do governo local é essencial para enfrentar a insurgência.

FOLHA - Os EUA devem invadir?
RIEDEL
- Não. Os EUA aprenderam uma lição na última década: usar invasão militar para resolver esses problemas não é uma opção sábia. Nós precisamos dar apoio aos iemenitas sem tomar o controle do país.


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