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entrevista
"Não há solução "made in USA" para o Iêmen"
DE NOVA YORK
Para o analista do Instituto Brookings Bruce Riedel,
ex-agente da CIA e responsável pela reformulação da política do governo Barack
Obama para o Afeganistão e
o Paquistão, o Iêmen vai se
tornar cada vez mais perigoso, mas uma ação militar dos
EUA não é a solução para o
terrorismo local.
(JL)
FOLHA - O Iêmen é agora o novo
foco no combate ao terrorismo?
BRUCE RIEDEL - O Iêmen tem
sido um front na batalha
contra o terrorismo desde o
ataque ao USS Cole em 2000
[por militantes da Al Qaeda
com um saldo de 17 marinheiros mortos]. Mas se tornou um novo front para a mídia porque, pela primeira
vez, você vê a Al Qaeda no Iêmen atacando ou tentando
atacar dentro dos EUA. No
passado, visaram alvos no Iêmen. Estão se transformando e apoiaram o massacre de
Fort Hood, além da tentativa
de ataque no Natal.
FOLHA - O que o fechamento das missões no Iêmen significa?
RIEDEL - Significa que um
país que já enfrenta enormes
problemas políticos e econômicos e insurgências vai ser
ainda mais separado do restante do mundo. Devemos
esperar que o fechamento
das embaixadas seja algo
temporário. O Iêmen se tornou um lugar muito perigoso
para estrangeiros, para trabalhar e para viajar, e deve ficar ainda mais perigoso.
A Al Qaeda ganha fôlego
em países como o Iêmen, espaços sem a presença do governo, com segurança fraca e
um grande número de homens jovens desempregados, em busca de uma causa.
Sob esse ponto de vista, é
muito parecido com o Afeganistão. E reúne as condições
propícias para a Al Qaeda.
FOLHA - A parceria com o governo do Iêmen é viável?
RIEDEL - Os EUA e o Iêmen
têm um relacionamento difícil desde 1990, quando o Iêmen apoiou Saddam Hussein na primeira Guerra do
Golfo. Já temos duas décadas
de desconfiança dos dois lados sobre o compartilhamento de informações. Será
difícil superar isso, mas não
há solução "made in America" para o caso da Al Qaeda
no Iêmen. A cooperação do
governo local é essencial para enfrentar a insurgência.
FOLHA - Os EUA devem invadir?
RIEDEL - Não. Os EUA aprenderam uma lição na última
década: usar invasão militar
para resolver esses problemas não é uma opção sábia.
Nós precisamos dar apoio
aos iemenitas sem tomar o
controle do país.
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