São Paulo, quarta-feira, 05 de janeiro de 2011

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Há décadas, uso de cofres em bancos é disseminado no país

Prática visa a evitar perdas com desvalorizações ou confiscos

DE BUENOS AIRES

Argentinos de todas as idades e de diferentes classes sociais faziam fila, na tarde de ontem, em frente à agência do Banco Província em Belgrano para descobrir se haviam sido vítimas do assalto milionário que desapareceu com as economias de pelo menos 136 famílias.
Esse foi o sexto grande crime do gênero nos últimos 20 anos na Argentina e evidencia um hábito local que transformou as caixas-fortes de bancos em um grande alvo dos assaltantes.
Há décadas, os argentinos economizam em dólares e optam por guardar o dinheiro vivo "debaixo do colchão" ou em cofres alugados em instituições financeiras.
Com a estratégia, evita-se perdas com a desvalorização do peso ou confiscos de contas bancárias, o que ocorreu em duas grandes crises econômicas, em 1989 e 2001.
Os cofres alugados pelos bancos também são utilizados como esconderijos para o dinheiro que circula fora do sistema bancário e que não consta nas declarações de renda dos argentinos.
Estima-se que menos de 40% da população do país seja bancarizada, o que faz com que transações que envolvem grandes valores, como compra de imóveis ou carros, também sejam feitas com dinheiro vivo.
"Eu guardei tudo aqui porque confiava justamente no prédio da agência, que tem pinta de seguro. Nunca economizei em conta bancária, ninguém confia nisso aqui. Está entranhado na cabeça do argentino que a única moeda confiável é o dólar", diz o desenhista Marcelo, 55.
Já a aposentada Blanca, 59, disse que já havia sido avisada de que seu cofre estava intacto, mas não pretendia sair da fila antes de vê-lo.
"Graças a Deus, escapei. Quando soube que havia sido a minha agência, quase fiquei louca. Sempre economizamos assim", afirmou.


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