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FANTASMA EXTREMISTA
Estrangeiros dizem ter medo de aumento de ataques e de restrições para trabalhar na Áustria
Posse provoca temor entre imigrantes
do enviado especial
A chegada de um partido com
plataforma antiimigração ao governo austríaco está colocando
em alerta máximo os quase 1 milhão de estrangeiros residentes no
país, que integram a população de
cerca de 8 milhões de pessoas.
Por sua posição geográfica, a
Áustria é uma "porta de entrada
natural" da União Européia para
imigrantes do Leste Europeu.
Alguns austríacos temem que
eles "invadam" o país assim que
seus Estados de origem aderirem
à UE, o que deve começar a ocorrer a partir de 2002.
Comunidades de africanos, russos e asiáticos também têm crescido, o que reforçou sentimentos
xenófobos e ajudou a levar o Partido da Liberdade a expressiva votação nas eleições de outubro.
Apesar de o desemprego se
manter abaixo de 5%, os imigrantes são vistos, especialmente em
pequenas cidades e áreas rurais,
como pessoas que "roubam" trabalho dos austríacos.
O garçom Ivan Jurica, 27, chegou a Viena há cinco anos, vindo
de Bratislava, capital da Eslováquia, que fica a cerca de 45 minutos de viagem de trem.
"Pretendia ficar pelo menos
mais cinco anos na Áustria, mas
agora não sei se isso será possível.
Tenho de renovar meu visto de
trabalho a cada ano e temo que o
governo passe a negar isso. Estou
pensando em ir embora de uma
vez", disse Jurica, que imigrou
porque não conseguia encontrar
trabalho em seu país de origem.
O senegalês Issa Ndiath, 30, que
mora na Áustria há seis anos, teme ser vítima de novos ataques
neonazistas. "Já fui espancado
duas vezes por eles. A polícia austríaca nunca fez nada para me
ajudar. Tenho certeza que, a partir de agora, sob o comando de
um governo extremista, vai fazer
ainda menos", diz.
Ele reclama que não consegue
permissão para trabalhar, tendo
de depender de dinheiro enviado
por sua família no Senegal.
Já a filha de filipinos Marisa Somera conta que sua mãe está "em
pânico" desde o anúncio do novo
governo. "Estou tentando acalmá-la, dizendo que não há o que
temer, mas ela acha que a situação
vai ficar pior. Perdi a conta de
quantas vezes a vi chegar em casa
chorando, porque foi xingada."
Imigrante da Romênia, o metalúrgico Vassile Biderman, 27,
acha injustificado o temor dos
austríacos. "Os países do Leste
Europeu só vão entrar na UE
quando estiverem preparados.
Não haverá invasão de imigrantes, como não houve quando Portugal e Espanha aderiram."
Mas há imigrantes que defendam as posições da direita. "Não é
possível deixar a porta aberta para sempre. Se não houver restrições, o país entrará em colapso",
disse um iraniano, que não quis se
identificar.
(FÁBIO ZANINI)
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