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EUA planejam cortar armas, diz jornal
Segundo "Times", Obama prepara proposta à Rússia que prevê reduzir em 80% os respectivos arsenais nucleares
Plano está ligado à revisão da instalação de escudo no Leste Europeu; acordo de 1991 que reduziu ogivas à metade expira em dezembro
DA REDAÇÃO
O governo dos EUA prepara
uma ambiciosa proposta de desarmamento nuclear à Rússia,
que, se bem-sucedida, reduzirá
os respectivos arsenais em 80%
(de 5.000 para 1.000 ogivas),
noticiou ontem o jornal britânico "The Times". A notícia teve receptividade entre representantes do Kremlin, embora
não tenha sido confirmada pela
Casa Branca.
Para pôr em prática os planos
desarmamentistas, a Casa
Branca pretende criar mais um
cargo de "czar", como Obama
vem nomeando os responsáveis por assuntos prioritários
da sua agenda. O posto deverá
ser ocupado por outro "clintonista": Gary Samore, ex-negociador para a não-proliferação.
Segundo o "Times", a iniciativa do governo Obama está ligada a uma revisão da política
seguida por George W. Bush de
instalar um escudo antimísseis
no Leste Europeu -que sofre
vigorosa oposição de Moscou.
Embora Obama não tenha
tomado nenhuma decisão sobre o escudo antimísseis -que
prevê mísseis interceptores na
Polônia e um radar na República Tcheca-, Moscou adiou, no
final de janeiro, a instalação de
mísseis em Kaliningrado (um
encrave no mar Báltico) como
"voto de confiança".
As negociações serão levadas
a cabo com vistas à substituição
do Start (acordo de redução de
armas estratégicas, na sigla em
inglês), que expira no dia 5 de
dezembro. O acordo foi assinado em 1991 para reduzir os artefatos remanescentes da Guerra
Fria. Sob o Start, EUA e Rússia
reduziram de 10 mil para 5.000
os artefatos operacionais.
O porta-voz do Departamento de Estado, Robert Wood, disse que o governo "leva muito a
sério" futuras reduções nos arsenais e que negociações terão
que ser feitas com Moscou devido ao fim do Start, mas não
quis entrar em detalhes.
Segundo um funcionário do
governo citado pelo "Times", o
objetivo de Obama é fazer do
desarmamento uma prioridade
do seu governo. Um acordo
com a Rússia pressionaria as
demais potências nucleares a
seguir o caminho e daria argumentos para a dissuasão dos
países que tentam obter a bomba -sobretudo o Irã, que nega,
porém, ter a intenção.
O anúncio por Teerã, anteontem, do lançamento do seu primeiro satélite de fabricação
própria pode, no entanto, gerar
pressões internas e dificultar os
planos de Obama, inclusive no
Congresso, segundo um republicano ouvido pelo jornal.
Ainda de acordo com o "The
Times", o vice-premiê russo,
Serguei Ivanov -ex-ministro
da Defesa sob Vladimir Putin
que chegou a ser cotado para o
suceder na Presidência-, disse
que são "bem-vindos os anúncios de que o governo Obama
está pronto para iniciar negociações e assinar um acordo".
Reino Unido
Ontem, o chanceler britânico, David Miliband, anunciou
um plano para promover "um
mundo livre de armas nucleares". O plano inclui medidas
mais duras para países que busquem desenvolver a bomba
atômica, provisão de auxílio à
produção de energia nuclear civil, mais redução de artefatos
por Washington e Moscou e
proibição de testes nucleares e
da produção de material físsil.
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