Aftosa ameaça abastecimento no Reino Unido

JOSÉLIA AGUIAR
DE LONDRES

O governo britânico começou a liberar ontem as primeiras licenças especiais para que fazendas livres da febre aftosa possam vender seus produtos a abatedores também previamente aprovados.
Sem essas licenças, será impossível evitar o desabastecimento dos supermercados britânicos, já que o transporte de animais no Reino Unido foi impedido temporariamente a fim de evitar a disseminação da doença.
O Ministério da Agricultura britânico esperava iniciar a semana com a liberação de ao menos 100 autorizações desse tipo. Durante o final de semana, várias inspeções foram feitas a fim de identificar as fazendas que receberiam a licença especial.
Até ontem, 69 casos de febre aftosa haviam sido registrados no Reino Unido, 17 a mais do que no dia anterior. Um dos novos focos confirmados ontem está em uma fazenda que pertence ao príncipe Charles, em Cornwall.
A propriedade, alugada ao fazendeiro Roger Winsor, registrou a forma mais infecciosa do vírus. A situação da fazenda foi descrita pela associação britânica de fazendeiros como "pesadelo". Existe o receio de que as cerca de 46 mil vacas e ovelhas da região estejam contaminadas.
Desde que o primeiro caso de febre aftosa em 20 anos apareceu no Reino Unido, há duas semanas, o governo anunciou uma série de medidas para impedir sua disseminação. Além da proibição do transporte de animais, várias áreas tiveram o acesso restrito. As autoridades britânicas também cancelaram alguns eventos esportivos. Mais de 50 mil animais já foram sacrificados no Reino Unido.

Dinamarca
A Dinamarca teve ontem a primeira suspeita de febre aftosa em vacas de uma fazenda localizada em Jutland, no noroeste do país. Isso aumenta o receio de que a doença possa ter chegado à Europa continental depois de sua disseminação em áreas de todo o Reino Unido.
Anteontem, a Bélgica já havia anunciado que também pode estar perto de identificar seu primeiro caso da doença no rebanho de uma fazenda próxima à fronteira com a França.
Testes iniciais foram feitos tanto na Dinamarca quanto na Bélgica e apresentaram resultado negativo. Mas novos exames, necessários para descartar a possibilidade da doença, só devem estar prontos nos próximos dias. A França também está fazendo testes extras em ovelhas de uma fazenda no sudoeste de Lyon, depois de resultados inicialmente negativos.


Texto Anterior: FMI não deve alterar plano de ajuda ao país
Próximo Texto: Mudança: Coca-cola anuncia troca de comando e nova estrutura
Índice