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China eleva gasto militar; EUA reagem
Despesa com defesa sobe 17,8%, maior aumento em uma década, e atinge R$ 96,5 bilhões; Washington exige "transparência"
Pequim diz que aumento
corrige baixos orçamentos
anteriores e não é ameaça a
nenhum país; Congresso do
Povo será inaugurado hoje
Fotos Elizabeth Dalziel/Associated Press
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Soldados patrulham a praça da Paz Celestial, em Pequim |
DA REDAÇÃO
A China irá aumentar em
17,8% seus gastos militares em
2007, anunciou ontem o porta-voz do Congresso Nacional do
Povo -o Parlamento chinês-,
Jiang Enzhu.
Segundo ele, o orçamento
previsto neste ano para o Exército Popular de Libertação será
de 350,9 bilhões de yuans (R$
96,5 bilhões), o que corresponde a um aumento de 53 bilhões
de yuans (R$ 14,5 bilhões) em
relação a 2006.
Para Enzhu, o aumento de
gastos com defesa pela China
-o maior dos últimos dez
anos- se seguiu a vários anos
de baixos orçamentos e não deveria ser entendido com uma
ameaça a outros países.
"Nos anos recentes, a China
aumentou regularmente os
gastos com a defesa, baseada
em seu desenvolvimento econômico", disse o porta-voz.
"A China não tem nem condições nem a intenção de entrar em uma corrida armamentista com país nenhum e não irá
se constituir em uma ameaça a
nenhum país", concluiu.
Mas suas afirmações não
convenceram os EUA, que têm
criticado seguidamente os gastos militares chineses, qualificando-os de opacos.
Ontem, o diretor de Inteligência Nacional dos EUA, John
Negroponte, afirmou que não é
o aumento dos gastos que preocupa Washington, mas a falta
de clareza da China quanto a
suas reais intenções para aumentar os gastos.
Transparência
"Acho que a questão que deveria chamar nossa atenção, no
que diz respeito aos gastos militares e compras militares de vários tipos, deveria ser a transparência", disse Negroponte
em uma coletiva de imprensa
em Pequim.
Negroponte, que visitou o
país ontem e anteontem, acrescentou que Washington não está satisfeito com o grau de detalhes que a China fornece de
seus gastos militares.
Disse que os EUA querem
entender melhor "o que a China tem em mente em relação a
sua modernização militar, que
doutrinas ela quer destacar e
quais são suas intenções".
Analistas internacionais,
contudo, estimam que o real
gasto militar da China pode ser
três ou mais vezes maior que a
cifra oficial. Estima-se que haveria muito dinheiro envolvido
em compras e desenvolvimento de armas, forças paramilitares e programas secretos não
exibidos nas contas oficiais.
Em recente visita à Ásia, o vice-presidente dos EUA, Dick
Cheney, disse que o teste anti-satélite realizado recentemente e o incremento militar "não
estavam de acordo com as declarações de Pequim sobre um
crescimento pacífico".
O aumento foi anunciado
dois meses após a China ter
realizado um teste de mísseis
anti-satélite, que provocou críticas dos EUA, Japão e Índia.
Para Enzhu, o gasto com defesa pela China é pequeno em
relação ao dos EUA. "Comparado com outros países, especialmente com as maiores potências, o gasto da China é relativamente baixo", disse Enzhu.
A administração Bush requisitou US$ 484 bilhões (R$ 1,03
trilhão) para o Departamento
de Defesa no próximo ano fiscal, que tem início em outubro.
Liao Xilong, que coordena o
departamento de logística do
Exército chinês, disse que o salto no orçamento foi uma necessidade, tendo em vista o período de incerteza internacional.
"O mundo nos dias de hoje
não é muito pacífico. E, para
manter a estabilidade e a integridade territorial, devemos
aumentar de forma adequada
os gastos", disse Xilong.
Xilong afirmou que é necessário mais dinheiro para investir em equipamentos de alta
tecnologia, especialmente sistemas de comando, condução
de complexos exercícios conjuntos e treinamento para
guerra no caso de a comunicação eletrônica ser afetada.
O secretário do Tesouro norte-americano, Henry Paulson,
disse que os EUA não devem fazer da China um inimigo, mas
afirmou que Pequim deve reformar seu câmbio para resolver diferenças de curto prazo.
Paulson, que fez na semana
passada sua terceira visita ao
país, disse que é essencial que
ambos os países negociem suas
discordâncias para manterem
seus laços econômicos fortes.
"Diria que nosso relacionamento com a China é multifacetado, e ele é muito importante para os EUA. Não acredito
que devamos fazer da China
um inimigo", disse Paulson.
Congresso do Povo
Começa hoje em Pequim o
Congresso Nacional do Povo,
que terá a participação de
3.000 delegado em duas semanas. Entre os temas discutidos
estão direitos de propriedade, a
pobreza na zona rural, poluição
ambiental e medidas para reduzir a corrupção no país.
Com agências internacionais
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