|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
[!]Foco
Em talk-show com Giddens e Barber, Gaddafi rejeita a democracia
WILLIAM MACLEAN
DA REUTERS, EM TRÍPOLI
Muamar Gaddafi, o "showman" político de sempre, escolheu o talk-show como um
novo meio de enviar uma
mensagem ao Ocidente: reformas econômicas ajudarão a
Líbia, mas mudanças políticas
não são necessárias.
Na sexta passada, sentado
ao lado de uma mesa diante da
mídia internacional, o ditador
afirmou -em um inesperado
debate com dois pensadores
ocidentais e um celebrado jornalista britânico- que a arena
de votação não era coisa para
seu país.
A globalização, contudo, pode ser um benefício econômico para uma Líbia estagnada
economicamente, disse Gaddafi, que governa o país desde
que chegou ao poder, em 1969,
por meio de um golpe.
A gravação do debate será
distribuída a TVs internacionais e colocada no site do governo líbio na internet.
Mas apesar das declarações
pró-democracia dadas no ano
passado por seu filho mais
proeminente, Saif al-Islam,
Gaddafi foi objetivo. "A democracia direta será, nos próximos anos, um modelo para
outros países", afirmou o ditador aos cientistas políticos
Benjamin Barber e Anthony
Giddens, em discussão mediada pelo jornalista David Frost.
Limites
Observadores afirmaram
que o evento mostrou tanto as
possibilidades quando os limites das mudanças no país.
Se o debate fosse transmitido na Líbia, as imagens do debate poderiam provocar reivindicações pela livre expressão, em uma país cuja imprensa é controlada pelo Estado.
Gaddafi foi desafiado por
Giddens e Barber em sua oposição à democracia.
"Tenho uma discordância
básica em relação ao sr. Gaddafi", disse Giddens, usando
uma linguagem jamais ouvida
publicamente na Líbia.
Mas as edições de sábado
dos jornais líbios destacaram
apenas que Gaddafi, durante o
evento, atacou a dominação
ocidental do mundo e exortou
o povo líbio a realizar treinamento militar para se preparar para a invasão de fora. Não
havia palavra sobre o debate.
"É uma incompreensão comum de que reformas políticas e econômicas caminham
lado a lado", disse o especialista em África do Norte George
Joffe, da Universidade de
Cambridge.
"O governo Gaddafi tornou-se mais sutil e tolera mais a variedade do que no passado.
Mas os mecanismos básicos
de controle permanecem."
Texto Anterior: Fogo cruzado mata 16 civis afegãos Próximo Texto: Iraque: Ação militar conjunta visa bastião xiita Índice
|