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Lula defende criação de conselho de defesa regional
Presidente, que se referiu publicamente a disputa entre Caracas e Bogotá, quer que Brasil represente órgão sul-americano na ONU
MAURÍCIO SIMIONATO
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
No contexto da crise gerada
pela operação militar colombiana no Equador, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva propôs ontem, em Campinas, (95
km de São Paulo) a criação de
um conselho de defesa sul-americano e que o Brasil seja o
seu representante no Conselho
de Segurança da ONU.
"O Brasil precisa propor aqui
no continente um conselho de
defesa sul-americano e que o
Brasil esteja no Conselho de
Segurança [da ONU] em nome
desse conselho e em nome do
continente", declarou o presidente na inauguração de novas
instalações da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária).
Em entrevista pouco depois,
Lula disse que a América do Sul
não está "preparada para conflitos" e pela primeira vez desde
o início da atual crise, no sábado, falou do clima de animosidade entre a Venezuela de Chávez e a Colômbia de Uribe.
"Já faz tempo que tem uma
guerra de nervos entre a Colômbia e a Venezuela; entre a
Venezuela e a Colômbia. Acho
que a América do Sul não está
preparada para conflitos, nem
nós queremos conflito", disse
Lula. "Estou convencido de que
vamos encontrar uma saída pacífica e tranqüila para isso."
Lula disse que pedirá que a
OEA investigue a denúncia feita pelo governo da Colômbia de
que Chávez enviara US$ 300
milhões às Farc. Para Lula, no
episódio de ataque às Farc, a
Colômbia violou a "soberania
territorial" do Equador.
"Vamos querer uma investigação da OEA para saber o que
efetivamente aconteceu. O dado concreto, e isso foi o motivo
do pronunciamento do Celso
Amorim ontem [anteontem], é
que a Colômbia violou a soberania territorial do Equador",
disse. "A Colômbia podia ter
pedido que o Equador fizesse a
prisão dos membros das Farc lá
[no território equatoriano]. Isso não aconteceu. Então, teve
essa divergência e vamos ter
que encontrar uma solução para isso."
Para o presidente, a manutenção do desenvolvimento e
do crescimento econômico e a
capacidade de atrair novos investimentos estrangeiros para
a América do Sul dependem do
clima de paz e tranqüilidade
entre os países do continente.
"Precisamos de muita paz,
muita tranqüilidade para que a
gente se transforme em um
continente altamente desenvolvido", disse Lula.
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