São Paulo, quarta-feira, 05 de março de 2008

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Lula defende criação de conselho de defesa regional

Presidente, que se referiu publicamente a disputa entre Caracas e Bogotá, quer que Brasil represente órgão sul-americano na ONU

MAURÍCIO SIMIONATO
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

No contexto da crise gerada pela operação militar colombiana no Equador, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs ontem, em Campinas, (95 km de São Paulo) a criação de um conselho de defesa sul-americano e que o Brasil seja o seu representante no Conselho de Segurança da ONU.
"O Brasil precisa propor aqui no continente um conselho de defesa sul-americano e que o Brasil esteja no Conselho de Segurança [da ONU] em nome desse conselho e em nome do continente", declarou o presidente na inauguração de novas instalações da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Em entrevista pouco depois, Lula disse que a América do Sul não está "preparada para conflitos" e pela primeira vez desde o início da atual crise, no sábado, falou do clima de animosidade entre a Venezuela de Chávez e a Colômbia de Uribe.
"Já faz tempo que tem uma guerra de nervos entre a Colômbia e a Venezuela; entre a Venezuela e a Colômbia. Acho que a América do Sul não está preparada para conflitos, nem nós queremos conflito", disse Lula. "Estou convencido de que vamos encontrar uma saída pacífica e tranqüila para isso."
Lula disse que pedirá que a OEA investigue a denúncia feita pelo governo da Colômbia de que Chávez enviara US$ 300 milhões às Farc. Para Lula, no episódio de ataque às Farc, a Colômbia violou a "soberania territorial" do Equador.
"Vamos querer uma investigação da OEA para saber o que efetivamente aconteceu. O dado concreto, e isso foi o motivo do pronunciamento do Celso Amorim ontem [anteontem], é que a Colômbia violou a soberania territorial do Equador", disse. "A Colômbia podia ter pedido que o Equador fizesse a prisão dos membros das Farc lá [no território equatoriano]. Isso não aconteceu. Então, teve essa divergência e vamos ter que encontrar uma solução para isso."
Para o presidente, a manutenção do desenvolvimento e do crescimento econômico e a capacidade de atrair novos investimentos estrangeiros para a América do Sul dependem do clima de paz e tranqüilidade entre os países do continente. "Precisamos de muita paz, muita tranqüilidade para que a gente se transforme em um continente altamente desenvolvido", disse Lula.


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