São Paulo, quinta-feira, 05 de março de 2009

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Hillary condena demolição de casas de árabes em Jerusalém

Medida de Israel "não ajuda" negociações de paz, diz secretária de Estado dos EUA

Em visita ao presidente da Autoridade Palestina, ela afirma ter pressionado o governo israelense a abrir as fronteiras da faixa de Gaza

DA REDAÇÃO

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, criticou Israel ontem pelos planos de demolir casas de palestinos no setor oriental (árabe) de Jerusalém. Segundo ela, as demolições violam compromissos internacionais e "não ajudam" os esforços de paz na região.
O setor árabe de Jerusalém foi ocupado por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e os palestinos pretendem instalar ali a capital de um futuro Estado. Apesar de resoluções da ONU pedirem sua retirada, Israel declarou a anexação da área como parte de sua "capital indivisível".
Hillary disse que pretende discutir a questão das demolições com o governo israelense e com a Prefeitura de Jerusalém -hoje, cerca de 30% da população da cidade é árabe.
Israel ordenou a demolição de 88 casas na semana passada e de mais 55 nesta, alegando que elas foram construídas ilegalmente. Os palestinos apontam dificuldades de obter os alvarás de legalização das propriedades, em vista do objetivo israelense de aumentar a população judaica da cidade.
"A questão claramente preocupa profundamente a todos os diretamente envolvidos", disse a secretária de Estado.
Hillary deu entrevista em Ramallah, na Cisjordânia, onde foi demonstrar apoio ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas. Ela afirmou ter pressionado Israel a abrir os postos de fronteira para a faixa de Gaza -devastada após a ofensiva contra o grupo islâmico Hamas, que venceu as eleições palestinas de 2006 e controla o território.
"Nós expressamos preocupação quanto aos postos de fronteira", disse. "Queremos que a assistência humanitária chegue a Gaza em volume suficiente para ajudar a aliviar o sofrimento do povo da região."
Os EUA doaram US$ 900 milhões para a reconstrução de Gaza -a ajuda econômica e militar a Israel neste ano somará US$ 2,55 bilhões-, mas não reconhecem o Hamas como interlocutor legítimo.

Síria e Rússia
A visita a Ramallah encerrou a turnê da secretária de Estado pelo Oriente Médio. Seu anúncio mais importante foi o de que o governo Obama enviará dois emissários à Síria neste final de semana -o país havia sido isolado durante o governo de George W. Bush.
A iniciativa sugere que o governo Obama pretende enfrentar os três desafios interligados do Oriente Médio: a ameaça nuclear do Irã; as tensões entre Israel e a Síria; e o conflito entre israelenses e palestinos. A Síria, hoje aliada do Irã e do Hamas, pode ser a chave para atenuar as três situações.
Ao procurar um entendimento com a Síria, os EUA podem reforçar a pressão sobre Teerã por uma resposta à sua oferta de negociações diretas. Um entendimento como esse também daria aos demais países árabes a cobertura política necessária para que negociem com Israel. Isso complicaria a situação do Hamas.
Ontem, Damasco indicou que pode vir a endossar a Iniciativa de Paz Árabe, proposta pela Arábia Saudita em 2002 e que oferece a paz a Israel em troca da retirada dos territórios ocupados em 1967, incluindo as colinas sírias de Golã.
O apoio da Rússia, em troca da suspensão do projeto americano de instalar um escudo antimísseis no Leste Europeu, também está nos cálculos americanos sobre o Irã. Amanhã, Hillary se reúne em Genebra com o ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov.

Com "New York Times e agências internacionais


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