São Paulo, sábado, 05 de março de 2011

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Conflitos se alastram por várias partes do país

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Rebeldes e forças leais ao ditador líbio Muammar Gaddafi travaram ontem violentos confrontos em Trípoli e mais duas localidades, com saldo de ao menos 50 mortos, indicando uma escalada na disputa pelo controle das principais cidades no país.
Na capital, forças de segurança dispersaram com violência os manifestantes opositores que se juntaram ao final das orações das sextas para pedir a saída do líder.
Os rebeldes, concentrados em bairros retirados do centro -reduto governista-, entoavam gritos de "Gaddafi é inimigo de Deus" quando se viram alvos de bombas de gás lacrimogêneo e de munição real, segundo relatos.
"É o fim de Gaddafi. Acabou. Os 40 anos de crimes acabaram", disse à agência de notícias Reuters o engenheiro Faragha Salim, na saída da mesquita Murat Adha, no bairro de Tajoura.
Estimativas indicavam a presença de "centenas" de pessoas nos protestos. Segundo a TV Al Jazeera, ao menos cem foram detidas.
Jornalistas foram impedidos de deixar os seus hotéis para cobrir os protestos.
Mas foi em Zawiyah, a cerca de 50 km da capital, que ocorreram os mais fortes confrontos, após forças pró-Gaddafi promoverem nova investida para tentar reconquistar a cidade -o bastião rebelde mais próximo de Trípoli.
De acordo com relatos, pelo menos 50 pessoas foram mortas, e outras dezenas ficaram feridas.
Um morador disse que as forças governistas utilizaram lançadores de granadas, armas pesadas e atiradores de elite no teto de um hotel.
No final do dia, o governo reivindicou o controle da cidade, mas a informação não foi confirmada até ontem.
"Talvez ainda haja alguns bolsões [sob controle rebelde], mas fora isso a cidade foi libertada", disse um membro do governo de Gaddafi.
Durante os confrontos, o líder dos rebeldes na cidade, um oficial desertor, morreu.
Em Ras Lanuf, na região central da costa líbia, foram os rebeldes que promoveram uma ofensiva contra as forças ainda leais a Gaddafi.
Enfrentaram forte resistência, mas ao final do dia também reivindicaram controle da cidade portuária, importante para o escoamento da produção de petróleo.
A cidade abriga ainda uma refinaria, oleodutos, um aeroporto e uma base militar.
Até o início desta semana, Ras Lanuf era a divisa informal entre o leste dominado pelos rebeldes e as porções centrais do país em torno de Sirte -terra de Gaddafi- ainda controladas pelo governo.
A ofensiva indica a disposição das forças rebeldes de avançar em direção a oeste para conquistar ainda mais território do ditador líbio.
Os rebeldes também controlam já há vários dias a cidade de Misratah, a terceira maior do país, que fica localizada entre Trípoli e Sirte.
Ataques governistas contra rebeldes foram registrados também em Ajdabiyah e Benghazi, ambas cidades localizadas no leste da Líbia, região totalmente dominada por opositores praticamente desde o início do conflito.
A Interpol emitiu um alerta contra Gaddafi e 15 pessoas próximas ao líder para ajudar na aplicação de sanções aprovadas pela ONU.

PETRÓLEO
A intensificação dos confrontos levou a uma nova alta na cotação do barril de petróleo tipo Brent -referência na Europa-, que chegou ontem a US$ 115,97, um aumento de pouco mais de 1% em relação à véspera e mais de 16% em apenas um mês.
Já o WTI, referência no mercado americano, registrou aumento de cerca de 2,5% em relação à véspera e fechou em US$ 104, 42 -aumento de 17,29% no mês.


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