São Paulo, sábado, 05 de março de 2011

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Ex-ministro da Justiça tenta se cacifar como sucessor

Mustafa Abdel Jalil rompeu com Gaddafi e se declarou presidente do Conselho Nacional da Líbia, órgão que reúne os rebeldes

DE SÃO PAULO

Aproveitando-se da popularidade que obteve ao se desligar do regime de Muammar Gaddafi logo no início dos choques, o ex-ministro da Justiça Mustafa Abdel Jalil se autodeclarou presidente do Conselho Nacional da Líbia, a primeira instituição criada pelos rebeldes.
Jalil foi um dos primeiros funcionários do alto escalão do governo de Gaddafi a renunciar ao cargo, no dia 21 de fevereiro, em protesto contra os ataques das forças de segurança contra manifestantes desarmados.
Nos dias subsequentes, dezenas de diplomatas, militares e pilotos renegaram o regime ou desertaram das Forças Armadas.
Jalil, porém, começou a atacar Gaddafi diretamente, declarando que o ditador ordenou pessoalmente o atentado contra o avião da PanAm em voo sobre Lockerbie (Escócia), que matou 270 pessoas em 1988.
Até então, o regime havia admitido que o ataque foi planejado pelo país, mas, formalmente, Gaddafi não estava ligado de maneira direta ao caso.
Com forte apoio na cidade de Baida, controlada pelos rebeldes, o ex-ministro se declarou presidente do Conselho Nacional da Líbia -organização que pode dar origem a um governo provisório após a eventual queda do ditador líbio.
Sobre os próximos passos do conselho, Jalil disse ontem a seguidores em Baida que irá "enviar uma mensagem para o Ocidente e para todos os povos de que este será um país democrático".
Mas o órgão está longe de representar a unificação final do movimento rebelde, que nasceu espontaneamente a partir de protestos da população contra Gaddafi - iniciados a reboque da onda de manifestações que já derrubou dois ditadores do mundo árabe, na Tunísia e no Egito.
Lideranças jovens em Benghazi já contestaram a legitimidade de Jalil e nomearam porta-voz.

PROPÓSITOS
O ex-ministro, por sua vez, tenta consolidar sua posição após nomear 30 membros do conselho. Em entrevista à rede de TV Al Arabiya, ele disse que o órgão incluirá todas as tribos líbias, inclusive a de Gaddafi, a al-Gaddadfa.
"Vitória ou morte! Não iremos parar até que liberemos todo esse país", afirmou Jalil ontem a partidários.
Ele disse ainda que o conselho tem como objetivo ser um órgão transitório formado por conselhos municipais das cidades já "libertadas" do regime de Gaddafi.
O órgão tem ainda o mérito de ter unido tanto jihadistas e islamistas quanto liberais seculares. Seus membros prometeram eleições em seis meses.
De acordo com Ahmed Jabreel, assessor do ex-ministro, a posição do conselho é, em uma eventual negociação com o ditador, não aceitar nada menos que a queda do regime.
"Se houver alguma negociação, ela será apenas sobre uma questão: como Gaddafi sairá do país ou renunciará, para podermos salvar vidas. Não há nada mais para negociar", disse Jabreel à agência de notícias Reuters.
Jalil também manobra para obter apoio externo. O embaixador Ali Aujali, que aderiu aos rebeldes, já procurou autoridades americanas em busca de suporte ao ex-ministro, segundo o jornal americano "USA Today".
Em paralelo, diplomatas líbios ligados aos rebeldes tentam obter apoio das potências ocidentais para criar uma zona de exclusão aérea no país. A Força Aérea é uma das maiores vantagens militares do ditador.

Com agências de notícias


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