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Irã liberta os 15 marinheiros britânicos
Anúncio foi feito pelo presidente Ahmadinejad; gestos dos EUA ajudaram desfecho; grupo deve chegar hoje a Londres
Premiê Tony Blair elogiou
iranianos por sua história e
disse não ter negociado; o
presidente iraniano disse ter
"perdoado" pela "invasão"
DA REDAÇÃO
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, anunciou
ontem a libertação dos 15 marinheiros britânicos capturados
no dia 23, em missão de patrulhamento no golfo Pérsico.
Ele disse que seu governo
"perdoou" o grupo por ter supostamente invadido as águas
territoriais iranianas e que seu
gesto era "um presente" ao povo do Reino Unido.
Ahmadinejad deu a inesperada informação em meio a uma
longa entrevista coletiva na
qual também condecorou o comandante da unidade naval da
Guarda Revolucionária Iraniana responsável pela captura.
Durante os 13 dias em que
permaneceram em poder dos
iranianos, os militares britânicos "confessaram" ter invadido
águas do Irã e "pediram desculpas" pela falta cometida.
O grupo foi entregue à embaixada britânica em Teerã e
deverá deixar o país ainda hoje.
Do aeroporto de Heathrow seguirá até uma base militar nas
imediações de Londres, para o
encontro com familiares.
"Atitude firme e calma"
O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, afirmou que seu
governo manteve durante o
episódio "uma atitude firme e
calma", sem ter negociado ou
partido para o confronto.
A BBC e o jornal "The Guardian" informam que a Síria
atuou como intermediária e
que o homem-chave da bem-sucedida operação foi Nigel
Sheinwald, assessor de Blair
em política externa. A Rússia
também intercedeu.
Blair afirmou respeitar o Irã
"como uma antiga civilização e
como uma nação com uma história dignificante" e que os desacordos que possam existir
com o governo local "serão resolvidos pacificamente e por
meio do diálogo".
Por mais que Ahmadinejad
ontem insistisse que os marinheiros foram interceptados
em suas águas territoriais, Londres reiterou que o grupo se encontrava em águas do Iraque,
em missão de fiscalização, em
cumprimento a resolução do
Conselho de Segurança.
Nos últimos dias o governo
britânico deixou de polemizar
sobre a questão e insistiu apenas no fato de "contatos discretos" estarem sendo mantidos.
Dois gestos do governo americano auxiliaram os britânicos. Anteontem, foi libertado
no Iraque o diplomata iraniano
Jalal Sharif, seqüestrado em 4
de fevereiro, numa ação que o
Irã havia atribuído aos EUA.
Ontem os EUA anunciaram
que cinco outros diplomatas
iranianos, presos no Iraque em
11 de janeiro, poderiam ser visitados por emissário de Teerã.
Mas o Departamento de Estado negou que as duas iniciativas estivessem vinculadas ao
esforço diplomático para a soltura do grupo. O presidente
George W. Bush qualificou a libertação dos marinheiros de
uma boa notícia, segundo porta-voz do Conselho de Segurança Nacional americano.
Em Berlim, a chanceler Angela Merkel elogiou a libertação dos 15 militares e disse desejar que seja um ponto de partida para a cooperação em outras pendências que separam
Teerã da comunidade internacional. Merkel exerce a presidência da União Européia.
Militares "agradecem"
Ahmadinejad se avistou com
os militares britânicos logo depois da entrevista em que
anunciou a libertação. Os 14
homens vestiam ternos civis
acinzentados, e a única mulher,
Faye Turney, trajava jeans e cobria a cabeça com um lenço.
"Eu lhe agradeço muito", disse um dos marinheiros. "Estamos gratos por seu perdão",
afirmou um outro.
No Reino Unido, a notícia de
que o cativeiro chegara ao fim
foi amplamente festejada pelos
familiares dos militares.
"Foi o melhor presente imaginável", disseram os pais de
Adam Sperry, 22. O pai de Chris
Coe, 31, disse que a família estava "pulando de alegria". Seu pai
convidou amigos e vizinhos para uma festa num pub. A irmã
de Arthur Batchelor, 20, disse
que queria antes de qualquer
festa se encontrar com o irmão
para confirmar sua libertação.
Com agências internacionais
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