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Raúl diz lutar por "diversidade de opiniões"
Líder cubano encerra evento oficial de intelectuais que criticaram política cultural e censura e cobraram mais acesso à internet
DA REDAÇÃO
O oficial 7º Congresso da
Uneac (União de Escritores e
Artistas de Cuba), encerrado
ontem, serviu de palco para os
primeiros discursos públicos
de reverberação das expectativas provocadas pelo governo
Raúl Castro e as primeiras medidas tomadas por ele -como a
legalização de celulares para
cubanos. Informes do encontro
criticaram políticas culturais
do regime.
Raúl encerrou o congresso
ontem dizendo estar lutando
"pela diversidade de opiniões",
comentando seu próprio chamado ao debate no país, feito
em 2007. Foi uma breve fala
transmitida pela TV estatal. A
imprensa estrangeira não teve
acesso ao evento.
"Com toda sinceridade, com
a maioria [das opiniões] estou
de acordo. Com outras, lhes digo que não estou de acordo,
mas para isso lutamos, pela diversidade de opiniões", disse
Raúl, na ilha onde a único partido legal é o comunista.
Nos dias do encontro -o primeiro em dez anos-, os intelectuais pediram mais acesso à
internet para a população, falaram da defasagem entre o projeto cultural da revolução e os
gostos do povo, pediram fim da
discriminação racial e sexual e
reformulação da TV e do rádio.
Mencionaram ainda a censura e criticaram a mídia estatal,
em reparos endossados pelo vice-presidente, Carlos Lage.
Anteontem, foi a vez de Eusebio Leal, historiador oficial
de Havana e amigo de Fidel, comentar as medidas recentes de
Raúl. "Que bom que podemos
ter telefones [celulares], é legal!
Mas houve um momento em
que não podíamos nem nos comunicar", discursou Leal, que
ainda falou de seus filhos que
moram no exterior. "Não me
envergonho dos que estão fora." Ele disse que as mudanças
recentes não são "cosméticas".
A manchete de ontem do
"Granma" foi ainda "Proclamam Fidel membro de mérito
da Uneac". Mas o discurso de
Leal ganhou página inteira com
o título "Preparemo-nos para o
novo destino de nosso país".
Com agências internacionais
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