São Paulo, sábado, 05 de abril de 2008

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Raúl diz lutar por "diversidade de opiniões"

Líder cubano encerra evento oficial de intelectuais que criticaram política cultural e censura e cobraram mais acesso à internet

DA REDAÇÃO

O oficial 7º Congresso da Uneac (União de Escritores e Artistas de Cuba), encerrado ontem, serviu de palco para os primeiros discursos públicos de reverberação das expectativas provocadas pelo governo Raúl Castro e as primeiras medidas tomadas por ele -como a legalização de celulares para cubanos. Informes do encontro criticaram políticas culturais do regime.
Raúl encerrou o congresso ontem dizendo estar lutando "pela diversidade de opiniões", comentando seu próprio chamado ao debate no país, feito em 2007. Foi uma breve fala transmitida pela TV estatal. A imprensa estrangeira não teve acesso ao evento.
"Com toda sinceridade, com a maioria [das opiniões] estou de acordo. Com outras, lhes digo que não estou de acordo, mas para isso lutamos, pela diversidade de opiniões", disse Raúl, na ilha onde a único partido legal é o comunista.
Nos dias do encontro -o primeiro em dez anos-, os intelectuais pediram mais acesso à internet para a população, falaram da defasagem entre o projeto cultural da revolução e os gostos do povo, pediram fim da discriminação racial e sexual e reformulação da TV e do rádio.
Mencionaram ainda a censura e criticaram a mídia estatal, em reparos endossados pelo vice-presidente, Carlos Lage.
Anteontem, foi a vez de Eusebio Leal, historiador oficial de Havana e amigo de Fidel, comentar as medidas recentes de Raúl. "Que bom que podemos ter telefones [celulares], é legal! Mas houve um momento em que não podíamos nem nos comunicar", discursou Leal, que ainda falou de seus filhos que moram no exterior. "Não me envergonho dos que estão fora." Ele disse que as mudanças recentes não são "cosméticas".
A manchete de ontem do "Granma" foi ainda "Proclamam Fidel membro de mérito da Uneac". Mas o discurso de Leal ganhou página inteira com o título "Preparemo-nos para o novo destino de nosso país".


Com agências internacionais


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