São Paulo, segunda-feira, 05 de abril de 2010

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Oposição mantém governos e evita a hegemonia de Evo

Segundo bocas de urna, rivais do presidente boliviano vencem em até 5 das 9 regiões

Mandatário, reeleito em dezembro passado com 64% dos votos, fracassa assim no objetivo de estender o seu domínio sobre o país

DA REDAÇÃO

Pesquisas de boca de urna revelam que a oposição ao presidente da Bolívia, Evo Morales, deve conseguir manter o domínio da chamada "meia-lua" nas eleições regionais realizadas ontem em todo o país.
Levantamentos de boca de urna de TVs e jornais bolivianos indicam que o partido de Morales, o Movimento ao Socialismo (MAS), ganhou as eleições para governador em La Paz, Cochabamba, Oruro e Potosí. Já a oposição venceu em Santa Cruz, Beni e Tarija, que, juntamente com Pando, onde as pesquisas mostram uma vantagem menos clara da oposição, formam a "meia-lua", região ocidental do país que se notabilizou por uma forte oposição a Morales em seu primeiro mandato.
O nono departamento do país, Chuquisaca, também não tinha um vencedor claro segundo as bocas de urna.
No pior dos cenários, o partido de Morales perderá apenas o controle de Pando -onde um aliado do governo assumiu o poder após conflitos que deixaram 18 mortos em 2008 e geraram a prisão do governador oposicionista Leopoldo Fernández-, já que os demais departamentos já são atualmente governados pela oposição.
Morales, que foi reeleito em dezembro do ano passado com pouco mais de 64% dos votos, tinha a intenção declarada de estender sua hegemonia para as áreas do país controladas pela oposição. Durante a campanha, o presidente chegou a prever o fim da "meia-lua".

Mãos estendidas
Vários líderes da oposição que, segundo as pesquisas, revalidaram seus mandatos nas eleições de ontem, ofereceram a Morales "união" e trabalho conjunto pelo futuro do país.
O governador de Santa Cruz, Rubén Costas, afirmou que chegou a hora "de construir e contribuir" para "construir o futuro" da Bolívia. No entanto, ele pediu para que não se confunda "nossa mão estendida com uma mão rendida". "Nossa mão está mais forte, em termos democráticos, do que antes", completou.
O também reeleito prefeito de Potosí, René Joaquino -que foi candidato à Presidência no ano passado-, seguiu a mesma linha. "As autoridades eleitas são autoridades de todos e temos o compromisso de coordenar e trabalhar em uma gestão conjunta [com o governo central] para Potosí", declarou após conhecer os primeiros resultados de boca de urnas.
Já Evo Morales declarou seu partido o vencedor das eleições e pediu à oposição para que evite a confrontação política até o fim de seu mandato, em 2015.
"Que os opositores entendam que esse processo de mudança [política, com o MAS] é irreversível, e que é melhor se eles puderem somar. Se não, que pelo menos contribuam com gestão para que o povo saia ganhando", assinalou.
Afora a dura disputa política, as eleições de ontem foram marcadas pela tranquilidade e pela alta participação, segundo a Corte Nacional Eleitoral (CNE) e a missão de observadores da OEA (Organização dos Estados Americanos).
Pouco mais de 5 milhões de eleitores estavam inscritos para eleger nove governadores, 337 prefeitos, 1.887 vereadores, 23 autoridades indígenas locais, além de subgovernadores, parlamentares departamentais (estaduais) e corregedores.
Segundo o Ministério de Governo, foram registrados apenas incidentes isolados, que não demandaram a intervenção das forças de segurança.


Com agências internacionais



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