São Paulo, terça-feira, 05 de abril de 2011

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ANÁLISE

Anúncio via e-mail simboliza aproximação dos mais velhos

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE SÃO PAULO

Pode ter sido sintomático o presidente Barack Obama ter escolhido anunciar oficialmente que vai concorrer à reeleição em 2012 por meio de correio eletrônico.
Um modesto vídeo de dois minutos sem a participação de Obama também foi postado na internet, no site www.barackobama.com .
E-mail, como se sabe, é "meio de comunicação de velho". Os jovens de longe preferem as redes sociais e o Twitter, instrumentos que, aliás, Obama usou preferencialmente na sua vitoriosa campanha de 2008.
Talvez ao dar prioridade neste primeiro passo rumo a 2012 ao e-mail, o presidente esteja -intencionalmente ou não- revelando que desta vez o eleitorado mais conservador e idoso estará entre seus alvos mais importantes.
Embora a extrema-direita americana o continue chamando de socialista, o fato é que seu governo deu uma forte guinada para o centro ou até mesmo para a direita, em especial depois da derrota de seu partido nas eleições parlamentares de 2010.
É difícil reconhecer o candidato de 2008 no presidente que desistiu de fechar Guantánamo, aprova métodos desumanos de tratamento ao suspeito de ter vazado segredos ao WikiLeaks, endossa a suspensão de garantias constitucionais a acusados de terrorismo e reinstitui os tribunais militares criados por George W. Bush.
Com esse tipo de comportamento no poder, é improvável que Obama volte a mobilizar jovens, em geral apáticos à política partidária, com a mesma intensidade que se viu em 2007 e 2008.
Isso não significa que as chances de Obama se reeleger sejam pequenas. Ao contrário, suas perspectivas, vistas de agora, são excelentes.
Suas taxas de aprovação pública, embora menores do que no início do mandato, superam as de Ronald Reagan e Bill Clinton no terceiro mês de seu terceiro ano de governo (eles se reelegeram).
O Partido Republicano, de oposição, embora em maioria na Câmara, não tem nenhum nome que possa ser levado a sério contra um ocupante da Casa Branca.
Apesar da insatisfação da ala mais à esquerda do Partido Democrata, nenhum líder desse grupo demonstra interesse em desafiar o presidente, que -bem ou mal- ainda está próximo de suas ideias.
Por isso, é provável que Obama resolva se aproximar dos adultos e idosos mais conservadores, faixa do eleitorado em que seu resultado no pleito de 2008 foi baixo tanto nas primárias contra Hillary Clinton quanto na eleição geral contra John McCain. Daí, possivelmente, o recurso ao e-mail.


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