DA REDAÇÃO

Um avião caiu em uma área residencial densamente povoada da cidade de Kano, norte da Nigéria, matando pelo menos 126 pessoas, incluindo 50 em terra, segundo oficiais de aviação. Testemunhas disseram que pelo menos dois sobreviventes foram retirados dos escombros da aeronave BAC-111/ 500. O avião, que chegara de Jos, no centro do país, havia acabado de partir de Kano rumo à cidade de Lagos, a 700 km ao sul.
"Havia 69 passageiros e sete tripulantes a bordo", disse um funcionário da Autoridade Federal de Aviação da Nigéria. "Teme-se que todos os passageiros e tripulação tenham morrido."
Segundo moradores, o avião atingiu um prédio no distrito de Gwammaja, a um quilômetro do aeroporto, no início da tarde, acertou outros dois e explodiu em chamas. A causa do acidente era desconhecida.
Segundo um bombeiro, dez prédios foram atingidos e pelo menos 50 corpos foram retirados das casas. Moradores gritavam e choravam enquanto procuravam por sobreviventes em meio aos pedaços do avião e das casas.
"Não creio que ninguém possa ter saído com vida", disse Bashir Mohammed, morador da área. "As pessoas que estavam dentro do avião gritavam, mas estavam presas e os bombeiros não tinham água para apagar as chamas."
Outro morador, Maikudi Ismae'il, disse à agência de notícias France Presse que ajudou soldados e policiais a retirar os mortos e que 26 corpos foram recuperados. Disse que viu pelo menos outros 40 corpos. Um jornalista da agência Associated Press viu quatro corpos -três mulheres e um homem- serem retirados.
Bombeiros e equipes de resgate pouco equipados lutavam contra as chamas e a fumaça que saía dos prédios esmagados, que incluíam uma escola.

Desregulamentação
A aeronave que caiu pertencia à empresa privada EAS, que opera rotas domésticas na Nigéria.
O país desregulamentou sua indústria aérea em meados da década de 80 e muitas companhias surgiram, desafiando o monopólio da estatal Nigeria Airways.
O uso de aeronaves antigas por parte das cerca de 12 companhias aéreas locais tem causado preocupações. Somente no mês passado o governo nigeriano proibiu o uso de aparelhos com mais de 22 anos, uma medida que provocou fortes protestos entre as operadoras aéreas privadas.

Menos segurança
A África foi considerada o continente menos seguro para voar no ano passado, segundo números apresentados pela Aviation Safety Network, serviço de dados baseado na Holanda.
Os últimos acidentes no continente africano ocorreram em Angola. Um na Província de Moxico, em 26 de janeiro deste ano, quando as 30 pessoas a bordo morreram, e outro nas montanhas de Quilemba, em 17 de março de 2001, que matou 16 pessoas.
O último desastre aéreo nigeriano ocorreu em novembro de 1996, quando um Boeing-727 que voava de Port Harcourt para Lagos caiu, matando todos os 142 passageiros e nove tripulantes.