São Paulo, segunda-feira, 05 de maio de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / DISPUTA DEMOCRATA

Hillary propõe "férias" para imposto

Às vésperas de primárias amanhã em Indiana e Carolina do Norte, ela sugere que motoristas não paguem taxa entre feriados

Já proposta por McCain, idéia foi atacada por Obama e não tem respaldo de economistas; consumidor economizaria só US$ 28


SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A CHARLOTTE

Na véspera do último grande teste das prévias eleitorais democratas e cada vez mais próxima de seu rival nas pesquisas, Hillary Clinton passou o fim de semana em eventos na Carolina do Norte e em Indiana defendendo "férias" para um imposto federal sobre a gasolina.
Seria uma maneira, acredita a senadora, de aliviar o bolso do consumidor norte-americano num momento em que o valor do barril do petróleo bate recordes e em que os EUA ameaçam entrar em recessão.
A proposta é semelhante à defendida pelo candidato republicano, John McCain, e foi chamada de populista pelo democrata Barack Obama e criticada por economistas como inócua. A sugestão é que, entre os feriados nacionais Memorial Day (26 de maio) e Labor Day (1º de setembro) de 2008, período que define extra-oficialmente o verão americano, o governo deixe de cobrar os US$ 0,184 de imposto por galão (3,78 litros) de gasolina.
No planos de Hillary e de McCain, os custos seriam bancados pelas empresas de petróleo. A medida é de alcance reduzido, atacou Obama, pois daria uma economia média de US$ 28 a cada consumidor num país em que o salário mínimo praticado é de US$ 1.500.
Além disso, disseram economistas não-afiliados ao candidato, a diferença dificilmente chegaria aos postos, pois poderia ser compensada pelo distribuidor de outra maneira, uma vez que o preço da gasolina não é tabelado pelo governo.
Postada na carroceria de uma picape estacionada em frente a um posto de gasolina em Gastonia (Carolina do Norte), Hillary defendeu sua proposta a 700 pessoas, no final do sábado. Uma delas carregava um cartaz com os dizeres: ""Férias" para o imposto de gasolina é uma tentativa de suborno grosseira". Ontem de manhã, a candidata voltou a defender sua idéia em entrevista na TV.

"Propaganda enganosa"
Ziguezagueando como ela entre Carolina do Norte e Indiana, os dois maiores Estados em número de delegados dos sete que ainda faltam votar, Barack Obama atacou a iniciativa sempre que pôde. "É mais uma propaganda enganosa de Washington", disse, também em entrevista a uma TV ontem.
Ambas as campanhas colocaram anúncios na TV se atacando sobre a questão no fim de semana, numa escalada de gastos nos dois Estados que já chega a US$ 6,7 milhões no caso da senadora e a US$ 10 milhões para Obama. "Não vou fechar com os economistas, essa é uma opinião da elite", rebateu Hillary.
A senadora tenta fazer grudar o adjetivo no adversário desde que ele fez, numa reunião fechada, um comentário pouco lisonjeiro a operários da Pensilvânia, fala que acabou na internet. Obama tenta passar uma imagem mais popular ao entrar em bares para beber cerveja com eleitores e ao trazer, pela primeira vez em meses, as filhas para seus comícios.
Com respectivamente 115 e 72 delegados eleitorais, os dois Estados vão às urnas amanhã. Segundo as pesquisas de opinião, os dois candidatos estão em empate técnico em Indiana e Hillary diminuiu para até cinco pontos percentuais a vantagem de Obama na Carolina do Norte, onde o senador já liderou por 20 pontos e onde um em cada três eleitores é negro.
Um deles é o nigeriano Aniedi Abasiekong, 59, da cidade de Shelby, que falou à Folha enquanto se preparava para sair em campanha para Obama. Corretor de imóveis, "ex-namorado de uma brasileira", nos EUA desde 1969, acha a moratória da gasolina "uma bobagem". Mas afirma defender as idéias de Hillary se ela for a indicada contra McCain: "Aí, somos nós contra eles".


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