|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SUCESSÃO NOS EUA / DISPUTA DEMOCRATA
Hillary propõe "férias" para imposto
Às vésperas de primárias amanhã em Indiana e Carolina do Norte, ela sugere que motoristas não paguem taxa entre feriados
Já proposta por McCain, idéia foi atacada por Obama e não tem respaldo de economistas; consumidor economizaria só US$ 28
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A CHARLOTTE
Na véspera do último grande
teste das prévias eleitorais democratas e cada vez mais próxima de seu rival nas pesquisas,
Hillary Clinton passou o fim de
semana em eventos na Carolina do Norte e em Indiana defendendo "férias" para um imposto federal sobre a gasolina.
Seria uma maneira, acredita
a senadora, de aliviar o bolso do
consumidor norte-americano
num momento em que o valor
do barril do petróleo bate recordes e em que os EUA ameaçam entrar em recessão.
A proposta é semelhante à
defendida pelo candidato republicano, John McCain, e foi
chamada de populista pelo democrata Barack Obama e criticada por economistas como
inócua. A sugestão é que, entre
os feriados nacionais Memorial
Day (26 de maio) e Labor Day
(1º de setembro) de 2008, período que define extra-oficialmente o verão americano, o governo deixe de cobrar os US$
0,184 de imposto por galão
(3,78 litros) de gasolina.
No planos de Hillary e de
McCain, os custos seriam bancados pelas empresas de petróleo. A medida é de alcance reduzido, atacou Obama, pois daria uma economia média de
US$ 28 a cada consumidor num
país em que o salário mínimo
praticado é de US$ 1.500.
Além disso, disseram economistas não-afiliados ao candidato, a diferença dificilmente
chegaria aos postos, pois poderia ser compensada pelo distribuidor de outra maneira, uma
vez que o preço da gasolina não
é tabelado pelo governo.
Postada na carroceria de
uma picape estacionada em
frente a um posto de gasolina
em Gastonia (Carolina do Norte), Hillary defendeu sua proposta a 700 pessoas, no final do
sábado. Uma delas carregava
um cartaz com os dizeres: ""Férias" para o imposto de gasolina
é uma tentativa de suborno
grosseira". Ontem de manhã, a
candidata voltou a defender
sua idéia em entrevista na TV.
"Propaganda enganosa"
Ziguezagueando como ela
entre Carolina do Norte e Indiana, os dois maiores Estados
em número de delegados dos
sete que ainda faltam votar, Barack Obama atacou a iniciativa
sempre que pôde. "É mais uma
propaganda enganosa de Washington", disse, também em
entrevista a uma TV ontem.
Ambas as campanhas colocaram anúncios na TV se atacando sobre a questão no fim de semana, numa escalada de gastos
nos dois Estados que já chega a
US$ 6,7 milhões no caso da senadora e a US$ 10 milhões para
Obama. "Não vou fechar com
os economistas, essa é uma opinião da elite", rebateu Hillary.
A senadora tenta fazer grudar o adjetivo no adversário
desde que ele fez, numa reunião fechada, um comentário
pouco lisonjeiro a operários da
Pensilvânia, fala que acabou na
internet. Obama tenta passar
uma imagem mais popular ao
entrar em bares para beber cerveja com eleitores e ao trazer,
pela primeira vez em meses, as
filhas para seus comícios.
Com respectivamente 115 e
72 delegados eleitorais, os dois
Estados vão às urnas amanhã.
Segundo as pesquisas de opinião, os dois candidatos estão
em empate técnico em Indiana
e Hillary diminuiu para até cinco pontos percentuais a vantagem de Obama na Carolina do
Norte, onde o senador já liderou por 20 pontos e onde um
em cada três eleitores é negro.
Um deles é o nigeriano Aniedi Abasiekong, 59, da cidade de
Shelby, que falou à Folha enquanto se preparava para sair
em campanha para Obama.
Corretor de imóveis, "ex-namorado de uma brasileira", nos
EUA desde 1969, acha a moratória da gasolina "uma bobagem". Mas afirma defender as
idéias de Hillary se ela for a indicada contra McCain: "Aí, somos nós contra eles".
Texto Anterior: Às vésperas de referendo, ciclone mata mais de 350 em Mianmar Próximo Texto: Americanas Índice
|