São Paulo, terça-feira, 05 de maio de 2009

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Gripe já atingiu mais de mil pessoas, diz OMS

Colômbia, Portugal e El Salvador entram na lista; órgão convoca comitê científico para tentar esclarecer dúvidas sobre doença

Entidade descarta, por enquanto, elevar o nível de alarme para grau máximo, mas afirma que é "crucial manter alerta e vigilância"

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

A OMS (Organização Mundial de Saúde) reúne hoje seu Comitê Científico para tentar esclarecer pelo menos parte das muitas dúvidas que ainda cercam o vírus A (H1N1).
O número de casos confirmados da doença, antes designada de gripe suína, chegou ontem a 1.085 em 21 países, incluindo 26 mortes (25 no México e uma nos Estados Unidos).
Embora a lista de países afetados continue crescendo, a OMS ainda não vê motivos para declarar estado de pandemia, já que o surto por enquanto se limita à América do Norte. Colômbia, Portugal (um caso cada) e El Salvador (dois) foram acrescentados ontem à relação.
Onze dias após fazer o primeiro alerta sobre a doença, a OMS reconhece que carece de dados centrais sobre o vírus, como a origem, a velocidade de propagação e a drástica variação com que se manifesta.
Fora do México, onde está a maioria dos mortos, a gripe tem sido em geral branda.
Uma das questões que os cientistas tentam explicar é por que o novo vírus provoca diarreia em muitos casos, o que o diferencia da gripe sazonal. Segundo Keiji Fukuda, vice-diretor da OMS, entre 40% e 50% dos infectados tiveram diarreia, além de problemas respiratórios e febre.
Mesmo sem saber muito sobre o vírus, a OMS decidiu enviar 2,4 milhões de doses do medicamento antiviral Tamiflu a 72 países em desenvolvimento, que têm menos recursos para enfrentar uma epidemia. O remédio é eficaz contra gripes sazonais, mas ainda não foi testado contra o novo vírus.
Embora um dos efeitos colaterais do Tamiflu seja diarreia, justamente um dos sintomas causados pelo A (H1N1), Fukuda disse que ele continua sendo indicado contra a nova gripe. Questionado pela Folha se há risco de o remédio agravar o sintoma, ele disse que não.

Nível de alerta
Fukuda voltou a expressar a preocupação com o surgimento de surtos em países do hemisfério Sul, onde está a maior parte do Brasil, devido à proximidade do inverno, quando tradicionalmente cresce a incidência de gripe.
"É crucial manter o alerta e a vigilância", disse ele.
Na reunião de hoje, 20 especialistas da OMS consultarão por teleconferência cerca de cem cientistas de vários países, entre eles o Brasil. Na semana passada, após uma reunião semelhante, a organização decidiu elevar para cinco o nível de alerta, declarando que uma pandemia era "iminente".
Mas em mensagem ontem à Assembleia Geral das Nações Unidas, a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, negou que haja planos imediatos de subir o alerta para o nível seis, o mais alto da escala. "Ainda não estamos lá", disse ela.


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