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Gripe já atingiu mais de mil pessoas, diz OMS
Colômbia, Portugal e El Salvador entram na lista; órgão convoca comitê científico para tentar esclarecer dúvidas sobre doença
Entidade descarta, por enquanto, elevar o nível de alarme para grau máximo, mas afirma que é "crucial manter alerta e vigilância"
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
A OMS (Organização Mundial de Saúde) reúne hoje seu
Comitê Científico para tentar
esclarecer pelo menos parte
das muitas dúvidas que ainda
cercam o vírus A (H1N1).
O número de casos confirmados da doença, antes designada
de gripe suína, chegou ontem a
1.085 em 21 países, incluindo
26 mortes (25 no México e uma
nos Estados Unidos).
Embora a lista de países afetados continue crescendo, a
OMS ainda não vê motivos para
declarar estado de pandemia, já
que o surto por enquanto se limita à América do Norte. Colômbia, Portugal (um caso cada) e El Salvador (dois) foram
acrescentados ontem à relação.
Onze dias após fazer o primeiro alerta sobre a doença, a
OMS reconhece que carece de
dados centrais sobre o vírus,
como a origem, a velocidade de
propagação e a drástica variação com que se manifesta.
Fora do México, onde está a
maioria dos mortos, a gripe tem
sido em geral branda.
Uma das questões que os
cientistas tentam explicar é por
que o novo vírus provoca diarreia em muitos casos, o que o
diferencia da gripe sazonal. Segundo Keiji Fukuda, vice-diretor da OMS, entre 40% e 50%
dos infectados tiveram diarreia, além de problemas respiratórios e febre.
Mesmo sem saber muito sobre o vírus, a OMS decidiu enviar 2,4 milhões de doses do
medicamento antiviral Tamiflu a 72 países em desenvolvimento, que têm menos recursos para enfrentar uma epidemia. O remédio é eficaz contra
gripes sazonais, mas ainda não
foi testado contra o novo vírus.
Embora um dos efeitos colaterais do Tamiflu seja diarreia,
justamente um dos sintomas
causados pelo A (H1N1), Fukuda disse que ele continua sendo
indicado contra a nova gripe.
Questionado pela Folha se há
risco de o remédio agravar o
sintoma, ele disse que não.
Nível de alerta
Fukuda voltou a expressar a
preocupação com o surgimento
de surtos em países do hemisfério Sul, onde está a maior parte
do Brasil, devido à proximidade
do inverno, quando tradicionalmente cresce a incidência
de gripe.
"É crucial manter o alerta e a
vigilância", disse ele.
Na reunião de hoje, 20 especialistas da OMS consultarão
por teleconferência cerca de
cem cientistas de vários países,
entre eles o Brasil. Na semana
passada, após uma reunião semelhante, a organização decidiu elevar para cinco o nível de
alerta, declarando que uma
pandemia era "iminente".
Mas em mensagem ontem à
Assembleia Geral das Nações
Unidas, a diretora-geral da
OMS, Margaret Chan, negou
que haja planos imediatos de
subir o alerta para o nível seis, o
mais alto da escala. "Ainda não
estamos lá", disse ela.
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