São Paulo, terça-feira, 05 de maio de 2009

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Rotina no México começa a voltar ao ritmo normal

Governo nega alarde, mas admite dados imprecisos

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL À CIDADE DO MÉXICO

Com a indicação de que entrou em declínio no México o surto da gripe A (H1N1), o governo anunciou ontem um cronograma para retomar aulas em todo o país e o funcionamento de restaurantes e cafés na capital mexicana.
Universidades voltarão a ter aulas na quinta-feira, mas a suspensão para escolas primárias e secundárias foi estendida até a próxima segunda-feira.
Já os 35 mil restaurantes e cafés da capital, que só estavam autorizados a prestar serviços de delivery, voltam na quarta. Bares, boates, cinemas e casas de show seguirão fechados.
"Temos condições de reiniciar o caminho rumo à normalidade", disse o presidente Felipe Calderón, para alívio dos mexicanos, sobretudo os da capital, que viveram 12 dias de tensão por causa da doença.
Segundo os dados mais recentes da Secretaria da Saúde do México, são 802 casos confirmados em 23 dos 32 Estados, 26 dos quais causaram mortes. Jovens até 19 anos foram os mais afetados (51,6% do total).
Numa rara mostra de coordenação entre os governos federal, do conservador PAN, e da capital, do esquerdista PRD, serão mantidas recomendações sanitárias. Os restaurantes terão de manter a distância de 2,25 m entre as mesas.
Os governos insistem que, se o pior já passou, e se o vírus não se mostrou tão letal quanto anunciado inicialmente, há o risco de um novo surto se se abandonarem os cuidados.
Michael Ryan, diretor do Programa de Alerta Global da OMS, soube por jornalistas da disposição do México em baixar seu nível de alerta e reagiu com cautela: "Cabe a cada país decidir medidas apropriadas".
O governo se diz ajudado pela primavera no hemisfério Norte, já que como outros vírus de influenza, o A (H1N1) tem vantagem com o frio. Especialistas reunidos ontem na Universidade Nacional do México, a mais importante do país, lembraram que o risco maior agora migra ao hemisfério Sul, no outono.
Autoridades e especialistas mexicanos rejeitam a ideia de que foram alarmistas. Dizem que não havia como prever a agressividade de um vírus novo, com fragmentos genéticos das gripes aviária, suína e humana, e que é um dever monitorar seu comportamento.
Mas até o governo admite que as estatísticas apontadas como de mortes provavelmente causadas pela doença reuniram vítimas de aneurisma cerebral e câncer e chegaram a 176, causando temor internacional.
Para os especialistas, os últimos dias na capital mexicana foram uma prova custosa, mas exitosa, de que uma das maiores megalópoles do mundo -um pouco mais populosa e tão caótica quanto São Paulo- pode tomar medidas drásticas de controle epidêmico.
Se felizmente foi menos letal que o esperado, a doença piorou o humor dos mexicanos com relação a chagas preexistentes: 85% acham que as condições econômicas são piores do que em 2008, 70% acham o mesmo sobre segurança, apontou pesquisa telefônica da respeitada consultoria Mitofsky.


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