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Rotina no México começa a voltar ao ritmo normal
Governo nega alarde, mas admite dados imprecisos
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL À CIDADE DO MÉXICO
Com a indicação de que entrou em declínio no México o
surto da gripe A (H1N1), o governo anunciou ontem um cronograma para retomar aulas
em todo o país e o funcionamento de restaurantes e cafés
na capital mexicana.
Universidades voltarão a ter
aulas na quinta-feira, mas a
suspensão para escolas primárias e secundárias foi estendida
até a próxima segunda-feira.
Já os 35 mil restaurantes e
cafés da capital, que só estavam
autorizados a prestar serviços
de delivery, voltam na quarta.
Bares, boates, cinemas e casas
de show seguirão fechados.
"Temos condições de reiniciar o caminho rumo à normalidade", disse o presidente Felipe Calderón, para alívio dos
mexicanos, sobretudo os da capital, que viveram 12 dias de
tensão por causa da doença.
Segundo os dados mais recentes da Secretaria da Saúde
do México, são 802 casos confirmados em 23 dos 32 Estados,
26 dos quais causaram mortes.
Jovens até 19 anos foram os
mais afetados (51,6% do total).
Numa rara mostra de coordenação entre os governos federal, do conservador PAN, e da
capital, do esquerdista PRD, serão mantidas recomendações
sanitárias. Os restaurantes terão de manter a distância de
2,25 m entre as mesas.
Os governos insistem que, se
o pior já passou, e se o vírus não
se mostrou tão letal quanto
anunciado inicialmente, há o
risco de um novo surto se se
abandonarem os cuidados.
Michael Ryan, diretor do
Programa de Alerta Global da
OMS, soube por jornalistas da
disposição do México em baixar seu nível de alerta e reagiu
com cautela: "Cabe a cada país
decidir medidas apropriadas".
O governo se diz ajudado pela
primavera no hemisfério Norte, já que como outros vírus de
influenza, o A (H1N1) tem vantagem com o frio. Especialistas
reunidos ontem na Universidade Nacional do México, a mais
importante do país, lembraram
que o risco maior agora migra
ao hemisfério Sul, no outono.
Autoridades e especialistas
mexicanos rejeitam a ideia de
que foram alarmistas. Dizem
que não havia como prever a
agressividade de um vírus novo, com fragmentos genéticos
das gripes aviária, suína e humana, e que é um dever monitorar seu comportamento.
Mas até o governo admite
que as estatísticas apontadas
como de mortes provavelmente causadas pela doença reuniram vítimas de aneurisma cerebral e câncer e chegaram a 176,
causando temor internacional.
Para os especialistas, os últimos dias na capital mexicana
foram uma prova custosa, mas
exitosa, de que uma das maiores megalópoles do mundo
-um pouco mais populosa e
tão caótica quanto São Paulo-
pode tomar medidas drásticas
de controle epidêmico.
Se felizmente foi menos letal
que o esperado, a doença piorou o humor dos mexicanos
com relação a chagas preexistentes: 85% acham que as condições econômicas são piores
do que em 2008, 70% acham o
mesmo sobre segurança, apontou pesquisa telefônica da respeitada consultoria Mitofsky.
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