São Paulo, quinta-feira, 05 de maio de 2011

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"Nós não precisamos de troféu", afirma presidente

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

A decisão tomada ontem pelo presidente dos EUA, Barack Obama, de não divulgar fotos do corpo do líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, morto a tiros no último domingo no Paquistão, frustra pedidos dentro e fora do país por mais provas da operação.
Segundo a Casa Branca, a avaliação é que as imagens poderiam incitar violência. Mas essa decisão estratégica garante que a versão dos fatos oferecida pela Casa Branca não poderá ser checada independentemente.
A natureza e a localização dos ferimentos poderiam dar indícios da distância dos tiros, da direção dos projéteis e da posição do terrorista no momento de sua morte.
Uma filha de Bin Laden que tem 12 anos de idade e foi capturada no local afirma que seu pai foi rendido e posteriormente executado.
"Não vamos usar [a foto] como um troféu. Não somos assim. Não precisamos nos gabar", disse Obama. "Não há dúvida de que Bin Laden foi morto. Ele nunca mais será visto andando na Terra."
As declarações foram dadas ao programa "60 Minutes", da rede CBS.
Bin Laden foi morto em uma operação de forças especiais da Marinha (Seals) e agentes da CIA em uma casa em Abbottabad (Paquistão). Apesar de desarmado, ele resistiu e levou tiros no peito e na cabeça a curta distância, segundo a Casa Branca.
As imagens não divulgadas pela Casa Branca mostram não só sangue, mas material encefálico em uma grande ferida na cabeça -ele foi atingido acima do olho esquerdo e o projétil partiu seu crânio, segundo relatos.
O debate sobre divulgar ou não as fotos foi intenso. A argumentação oficial é que a divulgação inflamaria seguidores e colocaria em risco a segurança nacional e, por outro lado, não convenceria os céticos em relação à morte do terrorista.
Entre os que defenderam não difundir as imagens estão o secretário da Defesa, Robert Gates, e a secretária de Estado, Hillary Clinton.
"Imagem não resolve", disse o analista conservador Robert Kagan. "Quem duvida da morte vai continuar a argumentar que poderíamos fabricar a foto."
Para Daniel Byman, do Instituto Brookings, "não liberar as fotos estimula teorias da conspiração". Familiares de vítimas do 11 de Setembro também advogaram pela divulgação.
Outras fotos da operação foram divulgadas por agências de notícias. Uma delas mostra três homens mortos sobre poças de sangue, mas nenhuma arma.
Segundo a Reuters, a foto foi tirada por um agente de segurança paquistanês que entrou no local depois do ataque. Ele vendeu as imagens em anonimato. A agência diz que verificou a autenticidade das imagens.


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