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CHINA
CNN e BBC saem do ar; Hong Kong faz manifestação
Censura marca aniversário do massacre da praça Tiananmen
CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM
O massacre da praça Tiananmen (Paz Celestial), em Pequim,
completou ontem 15 anos sob a
marca da censura. Os grandes jornais da China continental, controlados pelo governo, falavam do
Dia D, na Segunda Guerra, mas
não traziam nenhuma linha sobre
a repressão policial que deixou
centenas de manifestantes mortos
no dia 4 de junho de 1989.
A censura às redes de notícia internacionais também estava mais
ativa que o habitual, e canais como CNN e BBC ficaram longos
minutos fora do ar durante o dia.
Na Tiananmen, o único indício
de que se tratava de um dia inusual era a maior presença de policiais. No restante, o local estava
como em qualquer outra manhã:
turistas tirando fotos, vendedores
de postais e pipas assediando os
visitantes, e centenas de pessoas
em pé na interminável fila do
mausoléu de Mao Tsé-tung.
A situação contrastou com a
manifestação de pelo menos 48
mil pessoas em Hong Kong, território devolvido pelos britânicos
aos chineses em 1997. Com velas e
bandeiras de Taiwan (considerada Província "rebelde" por Pequim), os manifestantes cobravam democracia -em abril, a China inviabilizou a realização de
eleição direta em Hong Kong.
Em Pequim, porém, poucos estavam dispostos a falar do episódio, que é conhecido pelos chineses como o 4 de Junho. Os que
aceitavam pediam anonimato.
Jian (deu só o sobrenome) tinha
11 anos na época e foi à praça ontem para ver se algo aconteceria.
Para ele, os chefes do Partido Comunista não podiam atender às
exigências dos estudantes, porque
isso significaria sua queda.
Milhares de estudantes ocuparam a praça Tiananmen, em 15 de
abril de 1989, para homenagear
Hu Yaobang, líder comunista
morto que caíra em desgraça no
partido por simpatizar com as reivindicações dos universitários.
A partir daí, o movimento foi
ganhando força, e o que havia começado como uma reivindicação
por salários e de repúdio à corrupção se transformou em um
questionamento do regime.
O taxista Wang diz que estava
na praça quando começou o massacre e viu corpos sendo retirados
do local por helicópteros. Para ele,
a responsabilidade pelo episódio
é dos líderes do Partido Comunista, que não souberam dialogar.
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