São Paulo, sábado, 05 de junho de 2004

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CHINA

CNN e BBC saem do ar; Hong Kong faz manifestação

Censura marca aniversário do massacre da praça Tiananmen

CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM

O massacre da praça Tiananmen (Paz Celestial), em Pequim, completou ontem 15 anos sob a marca da censura. Os grandes jornais da China continental, controlados pelo governo, falavam do Dia D, na Segunda Guerra, mas não traziam nenhuma linha sobre a repressão policial que deixou centenas de manifestantes mortos no dia 4 de junho de 1989.
A censura às redes de notícia internacionais também estava mais ativa que o habitual, e canais como CNN e BBC ficaram longos minutos fora do ar durante o dia.
Na Tiananmen, o único indício de que se tratava de um dia inusual era a maior presença de policiais. No restante, o local estava como em qualquer outra manhã: turistas tirando fotos, vendedores de postais e pipas assediando os visitantes, e centenas de pessoas em pé na interminável fila do mausoléu de Mao Tsé-tung.
A situação contrastou com a manifestação de pelo menos 48 mil pessoas em Hong Kong, território devolvido pelos britânicos aos chineses em 1997. Com velas e bandeiras de Taiwan (considerada Província "rebelde" por Pequim), os manifestantes cobravam democracia -em abril, a China inviabilizou a realização de eleição direta em Hong Kong.
Em Pequim, porém, poucos estavam dispostos a falar do episódio, que é conhecido pelos chineses como o 4 de Junho. Os que aceitavam pediam anonimato.
Jian (deu só o sobrenome) tinha 11 anos na época e foi à praça ontem para ver se algo aconteceria. Para ele, os chefes do Partido Comunista não podiam atender às exigências dos estudantes, porque isso significaria sua queda.
Milhares de estudantes ocuparam a praça Tiananmen, em 15 de abril de 1989, para homenagear Hu Yaobang, líder comunista morto que caíra em desgraça no partido por simpatizar com as reivindicações dos universitários.
A partir daí, o movimento foi ganhando força, e o que havia começado como uma reivindicação por salários e de repúdio à corrupção se transformou em um questionamento do regime.
O taxista Wang diz que estava na praça quando começou o massacre e viu corpos sendo retirados do local por helicópteros. Para ele, a responsabilidade pelo episódio é dos líderes do Partido Comunista, que não souberam dialogar.


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