São Paulo, terça-feira, 05 de junho de 2007

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CÚPULA GLOBAL

China anuncia plano contra efeito estufa

Divulgação ocorre às vésperas da reunião do G8 e cinco países em desenvolvimento, que discutirá mudança climática

Programa não fixa metas de redução de emissões de gases; chineses insistem que responsabilidade maior ainda é dos países ricos

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois dias antes do início da reunião do G8 que discutirá o aquecimento global, a China anunciou um ambicioso plano de redução do consumo de energia, ampliação do uso de energias renováveis e aumento da área de florestas para diminuir a emissão de gases de efeito estufa até 2010.
País com a maior população do mundo e dono do recorde de crescimento dos últimos 27 anos, a China caminha para superar os Estados Unidos e se tornar o maior emissor de gases de efeito estufa antes de 2009.
Detalhadas em um documento de 62 páginas, as políticas estarão no centro do discurso que o presidente chinês, Hu Jintao, fará na cidade alemã de Heiligendamm durante o encontro batizado de G8+5, por reunir os oito países mais industrializados do mundo e cinco países em desenvolvimento.
Apesar de apresentar objetivos de aumento da eficiência energética, o documento não fixa metas de redução de emissões de gases e ressalta que a maior responsabilidade pelo combate do efeito estufa cabe aos países desenvolvidos.
Os chineses deixam claro que os compromissos relacionados ao aquecimento global não podem comprometer o crescimento dos países em desenvolvimento. "A pobreza não pode resolver problemas ambientais e climáticos. A preocupação dos países em desenvolvimento com o crescimento econômico é compreensível e legítima", declarou o ministro-assistente de Relações Exteriores, Cui Tiankai, ao jornal "Diário do Povo", do Partido Comunista.
A China não fixou metas de redução de emissões, mas tem alvos econômicos definidos: crescer ao menos 7% ao ano e dobrar o PIB até 2020. E o mais provável é que a expansão supere as previsões oficiais, como ocorreu nos últimos anos.
O "Programa Nacional de Mudança Climática da China", divulgado ontem, estabelece objetivos para 2010, tendo por base a situação de 2005. Para reduzir a emissão de gases, o documento prevê, entre outros pontos, a diminuição do consumo de energia em 20% e o aumento de 7% para 10% das fontes de energia renovável na matriz energética (ver quadro).
Também há preocupação com o aumento da eficiência no uso de energia e com a redução de emissões no plantio de arroz -uma das principais fontes de gases de efeito estufa, em razão da decomposição orgânica provocada pelos cultivos alagados.
O documento inclui a política de controle de natalidade como um dos compromissos da China em relação ao clima. Adotada em 1979, ela evitou o nascimento de 300 milhões de chineses até 2005, que teriam gerado a emissão de 1,3 bilhão de toneladas de CO2 no mesmo período, afirma o texto.
Se os objetivos do plano forem atingidos, a China deixará de emitir 1,5 bilhão de toneladas de CO2 em 2010, o equivalente a 25% dos 6,1 bilhões de toneladas de 2004, diz a agência oficial de notícias Xinhua.
A experiência recente mostra que o governo terá dificuldade em implementar o programa. No ano passado, já havia uma meta oficial de redução no consumo de energia por unidade do PIB de 4%. A queda ficou em apenas 1,23%, em grande parte pela resistência de Províncias em sacrificarem a expansão econômica.
Elevado em termos absolutos, o volume per capita de emissões da China representa um quinto do patamar norte-americano. Com a continuidade do massivo processo de urbanização e de aumento da renda, a quantidade de emissões per capita tende a subir.
"Com o desenvolvimento econômico em curso, a China será inevitavelmente confrontada com crescentes consumo de energia e emissão de CO2", afirma o programa.


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