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CÚPULA GLOBAL
China anuncia plano contra efeito estufa
Divulgação ocorre às vésperas da reunião do G8 e cinco países em desenvolvimento, que discutirá mudança climática
Programa não fixa metas de redução de emissões de gases; chineses insistem que responsabilidade maior ainda é dos países ricos
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois dias antes do início da
reunião do G8 que discutirá o
aquecimento global, a China
anunciou um ambicioso plano
de redução do consumo de
energia, ampliação do uso de
energias renováveis e aumento
da área de florestas para diminuir a emissão de gases de efeito estufa até 2010.
País com a maior população
do mundo e dono do recorde de
crescimento dos últimos 27
anos, a China caminha para superar os Estados Unidos e se
tornar o maior emissor de gases
de efeito estufa antes de 2009.
Detalhadas em um documento de 62 páginas, as políticas estarão no centro do discurso que o presidente chinês, Hu
Jintao, fará na cidade alemã de
Heiligendamm durante o encontro batizado de G8+5, por
reunir os oito países mais industrializados do mundo e cinco países em desenvolvimento.
Apesar de apresentar objetivos de aumento da eficiência
energética, o documento não fixa metas de redução de emissões de gases e ressalta que a
maior responsabilidade pelo
combate do efeito estufa cabe
aos países desenvolvidos.
Os chineses deixam claro que
os compromissos relacionados
ao aquecimento global não podem comprometer o crescimento dos países em desenvolvimento. "A pobreza não pode
resolver problemas ambientais
e climáticos. A preocupação
dos países em desenvolvimento com o crescimento econômico é compreensível e legítima",
declarou o ministro-assistente
de Relações Exteriores, Cui
Tiankai, ao jornal "Diário do
Povo", do Partido Comunista.
A China não fixou metas de
redução de emissões, mas tem
alvos econômicos definidos:
crescer ao menos 7% ao ano e
dobrar o PIB até 2020. E o mais
provável é que a expansão supere as previsões oficiais, como
ocorreu nos últimos anos.
O "Programa Nacional de
Mudança Climática da China",
divulgado ontem, estabelece
objetivos para 2010, tendo por
base a situação de 2005. Para
reduzir a emissão de gases, o
documento prevê, entre outros
pontos, a diminuição do consumo de energia em 20% e o aumento de 7% para 10% das fontes de energia renovável na matriz energética (ver quadro).
Também há preocupação
com o aumento da eficiência no
uso de energia e com a redução
de emissões no plantio de arroz
-uma das principais fontes de
gases de efeito estufa, em razão
da decomposição orgânica provocada pelos cultivos alagados.
O documento inclui a política de controle de natalidade como um dos compromissos da
China em relação ao clima.
Adotada em 1979, ela evitou o
nascimento de 300 milhões de
chineses até 2005, que teriam
gerado a emissão de 1,3 bilhão
de toneladas de CO2 no mesmo
período, afirma o texto.
Se os objetivos do plano forem atingidos, a China deixará
de emitir 1,5 bilhão de toneladas de CO2 em 2010, o equivalente a 25% dos 6,1 bilhões de
toneladas de 2004, diz a agência oficial de notícias Xinhua.
A experiência recente mostra que o governo terá dificuldade em implementar o programa. No ano passado, já havia uma meta oficial de redução no consumo de energia por
unidade do PIB de 4%. A queda
ficou em apenas 1,23%, em
grande parte pela resistência
de Províncias em sacrificarem
a expansão econômica.
Elevado em termos absolutos, o volume per capita de
emissões da China representa
um quinto do patamar norte-americano. Com a continuidade do massivo processo de urbanização e de aumento da
renda, a quantidade de emissões per capita tende a subir.
"Com o desenvolvimento
econômico em curso, a China
será inevitavelmente confrontada com crescentes consumo
de energia e emissão de CO2",
afirma o programa.
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