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Mundo islâmico cobra ação além das palavras
Hamas e Irã destacaram "mudança de tom" em relação a governo anterior; Hizbollah diz que região "não quer lições"
Governo de Israel afirma
que segurança continua à
frente de esforços pela paz;
para colonos, "Hussein
priorizou mentiras árabes"
DA REDAÇÃO
As reações ao discurso de Barack Obama, ontem, evidenciaram as divisões e diferentes expectativas no Oriente Médio.
No mundo islâmico, alguns enxergaram como vazia a retórica
do presidente dos EUA; outros
pediram que as palavras de
Obama se convertam em ações.
Em Israel, as respostas variaram do apoio -ainda que limitado- às críticas.
O governo israelense expressou em comunicado "sua esperança de que esse importante
discurso no Cairo leve a um novo período de reconciliação entre o mundo árabe e muçulmano e Israel". Sem citar explicitamente o novo pedido de Obama pelo congelamento nos assentamentos judeus na Cisjordânia, ponto chave para a eventual criação de um Estado palestino, disse que "Israel (...) fará todos os esforços para
expandir o círculo da paz enquanto protege seus interesses,
especialmente sua segurança
nacional".
E, enquanto o presidente israelense, Shimon Peres, elogiou a "sabedoria e coragem" da
oratória do norte-americano,
colonos judeus na Cisjordânia
declararam que "Hussein Obama deu prioridade às mentiras
árabes" e que é "ingênuo e fora
da realidade".
O deputado de ultradireita
Michael Ben-Ari foi além: "O
ódio [de Obama] pelo povo de
Israel o levou a fazer um perigoso discurso que expôs sua
tendência pró-islâmica".
Palavras versus ações
Na outra extremidade de interesses na região, o grupo palestino radical Hamas, que controla a faixa de Gaza, destacou a
"mudança de tom de Obama"
em relação a seu antecessor,
George W. Bush, mas pediu "a
tradução de seus [de Obama]
desejos e visões em ações".
O Irã seguiu a mesma linha.
O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, disse que a
mensagem obamista "não é o
suficiente" e que os EUA devem
dar "passos práticos".
Mais crítico, o Hizbollah
-misto de milícia e partido político que tem 14 assentos no
Parlamento libanês- disse que
a fala de Obama não revela
"mudança real na política e na
postura dos EUA na região". "O
mundo árabe não precisa de lições, mas de atos reais, a começar pela causa palestina", disse
Hassan Fadlallah, deputado do
grupo xiita. No Iraque, o clérigo
radical xiita Moqtada al Sadr
-cujas milícias lutaram contra
as tropas americanas- expressou ceticismo quanto à mudança na política americana "de
controle e globalização".
Reações moderadas
Entre as reações mais moderadas, Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional
Palestina (que se reuniu com
Obama há poucos dias e que
tem o apoio da Casa Branca),
disse por meio de seu porta-voz
que as referências aos palestinos no discurso são um "importante passo para um recomeço". A Liga Árabe, conjunto de
22 nações, também qualificou o
discurso de "uma nova visão da
proximidade entre muçulmanos e o Ocidente".
A Irmandade Muçulmana,
grupo de oposição banido mas
tolerado no Egito, fez uma análise do discurso: "[Obama] tinha dois objetivos principais:
melhorar a imagem dos EUA e
isolar a Al Qaeda. Foi bem-sucedido em 70% ou 80%. Mas se
ele não for adiante com ações,
será desastroso. As pessoas estão enxergando suas palavras
como promessas".
No Ocidente, o Parlamento
Europeu e a ONU elogiaram a
fala de Obama. Mas alguns grupos de direitos humanos cobraram mais ênfase do presidente.
Com agências internacionais e o "New York Times"
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