São Paulo, sábado, 05 de junho de 2010

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Sob tensão, novo navio de ativistas ruma a Gaza

Cinco dias após ataque matar nove, 11 militantes tentam chegar à faixa

Israel afirma que fará valer bloqueio terrestre e marítimo ao território palestino e deterá navio com 1 tonelada de ajuda


Free Gaza.org/Efe
Navio Rachel Corrie, que espera chegar hoje à faixa de Gaza

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Um novo navio humanitário determinado a furar o bloqueio marítimo imposto por Israel e atracar na costa de Gaza ganhou ontem o foco da tensão na região.
Parte original da frota que foi atacada na segunda-feira, a embarcação, que zarpara da Irlanda há três semanas, atrasou-se porque teve que atracar em Malta por causa de problemas técnicos.
Mesmo após ter nove colegas mortos no ataque militar israelense ao Mavi Marmara, os 11 ativistas, inclusive a Nobel da Paz irlandesa Mairead McGuire, 66, decidiram levar a missão adiante. A previsão era a de que o navio, de bandeira cambojana, alcançasse a zona marítima vigiada por Israel na manhã de hoje.
Diferentemente da primeira missão, porém, eles destacam que não reagirão à provável interceptação de Israel.
"Vamos cooperar e esperamos que eles [os israelenses] cooperem também. Ninguém quer outro desastre", disse à Folha, do navio, o ex-chefe da ONU Denis Halliday.
"Esperamos que seja de forma não violenta [a intervenção]. Nós sabemos que devemos enfrentar dificuldades. Estamos ansiosos, mas conscientes", completou.
"Se embarcarem, seremos legais", afirmou Faizal Azumu, também a bordo, ao jornal "The New York Times".
Contrariado, o governo israelense repetiu, durante todo o dia de ontem, advertências contra a missão. No fim do dia, foi ecoado pelos EUA, que pediam aos ativistas que aceitassem desviar a rota.
Os governos irlandês e israelense propuseram que o navio atracasse no posto de Ashdod, onde seria revistado, sob supervisão da ONU, antes de a carga seguir ao posto fronteiriço de Erez. Mas os ativistas recusaram.
"Não temos intenção de ir a Ashdod, que fica em Israel. Saímos para entregar a carga à população de Gaza, e é isso que queremos fazer", disse a Nobel da Paz McGuire.
De bandeira cambojana, o navio foi batizado de Rachel Corrie em homenagem à estudante americana esmagada por uma escavadeira durante um ato contra a demolição de casas por Israel em Gaza, em 2003.
Nele, de acordo com o Movimento Gaza Livre, seu patrocinador, há mais de uma tonelada de suprimentos.

ADVERTÊNCIAS
Em Israel, o premiê Binyamin Netanyahu pediu cautela em reunião de gabinete.
"Nós vamos parar esse navio e qualquer outro que tentar atingir a soberania de Israel", afirmou o chanceler israelense, Avigdor Liberman. "Não existe a menor chance de o Rachel Corrie chegar à costa de Gaza."


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