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IRAQUE OCUPADO
Enquanto ações contra soldados dos EUA chegam a 13 por dia, TV árabe veicula fita atribuída a ex-ditador
Saddam "ressurge" em fita; ataques disparam
DA REDAÇÃO
O espectro de Saddam Hussein
ainda paira sobre o Iraque e fomenta a resistência contra a ocupação anglo-americana entre
simpatizantes de seu regime. Ontem, a rede de TV qatariana Al Jazira divulgou uma fita de áudio
supostamente gravada pelo ex-ditador, desaparecido desde o início
de abril, clamando estar vivo.
Autoridades americanas examinarão a gravação, cuja autenticidade não foi provada.
Os comandantes americanos
dizem que o desconhecimento do
paradeiro de Saddam é um dos
principais obstáculos a suas
ações. Sem saberem se o ex-ditador está vivo ou morto, os iraquianos que simpatizavam com
seu regime se sentem incentivados a atacar a coalizão, enquanto
aqueles que o rechaçavam temem
represálias, se ele estiver vivo, caso colaborem com a coalizão.
A Al Jazira disse que o conteúdo
da fita foi obtido de uma ligação
anônima para seu escritório, na
qual o interlocutor tocou 20 minutos de uma suposta gravação
de Saddam feita em 14 de junho. A
voz, muito semelhante à do ex-ditador, diz que ele está no Iraque .
"Irmãos e irmãs, tenho boas notícias. Já foram organizadas células para a guerra santa", diz. "Não
há um dia em que o sangue dos
infiéis não seja derramado sobre
nossa terra pura, graças a nossos
heróicos guerreiros. Os próximos
dias, Deus queira, serão difíceis
para os invasores."
Treze ataques diários
Enquanto o presidente George
W. Bush desafia a resistência iraquiana e os comandantes militares americanos minimizam os
efeitos dos ataques contra suas
tropas, os soldados estacionados
no Iraque -especialmente os
que estão no noroeste do país-
enfrentam o que parece, cada vez
mais, uma guerra de guerrilha. O
número médio de ataques diários
chegou a 13, segundo o comando
americano.
Desde a declaração do fim dos
principais confrontos, em 1º de
maio, houve 26 baixas por ações
hostis nas fileiras dos EUA.
Só ontem, Dia da Independência dos EUA, 11 iraquianos foram
mortos ao tentar emboscar uma
patrulha, e 18 soldados americanos foram feridos em um ataque
de morteiro na região de Balad
(90 km a noroeste da capital).
Em Bagdá, um soldado que
guardava o Museu Nacional Iraquiano -aberto brevemente anteontem- foi morto por um
franco-atirador, e outro foi ferido
em uma explosão. E um civil iraquiano morreu ao tentar pôr uma
bomba na cidade de Baqoba.
"Ainda estamos em guerra",
disse o tenente-general Ricardo
Sanchez ao "New York Times".
Em artigo publicado pelo jornal
"Financial Times", o especialista
em segurança Max Boot, do
Council of Foreign Relations em
Nova York, afirmou que os EUA
estavam "indubitavelmente mal
preparados para os desdobramentos da guerra". Ele contabiliza, além dos ataques, as instalações de serviços públicos destruídas por ataques da resistência.
"Instalações como transformadores elétricos e estações de extração de petróleo, meticulosamente
poupadas nos bombardeios, foram destruídas por saqueadores e
sabotadores. Membros do regime
deposto escaparam e retornaram
para assombrar as autoridades de
ocupação. Os dois problemas fizeram o processo [de reconstrução] retroceder", escreveu Boot.
Os US$ 25 milhões oferecidos
pelos EUA em troca de pistas do
paradeiro do ex-ditador Saddam
Hussein, anteontem, e a criticada
declaração do presidente americano para que os iraquianos "fossem para a briga" -que deputados de oposição chamaram de
"um convite ao ataque"- dão a
medida do desencontro entre o
plano de reconstrução traçado e o
que tem sido feito.
O Pentágono esperava reduzir
as tropas no Iraque após o encerramento dos conflitos principais.
Agora, após uma pequena redução, novos militares americanos
poderão ser mandados ao país,
além de mais 30 mil estrangeiros.
Com agências internacionais
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