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Indústria pede que Congresso rejeite adesão venezuelana
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Entidades de peso da indústria e do agronegócio brasileiros defendem que o Congresso
rejeite o protocolo de entrada
da Venezuela no Mercosul nos
termos em que foi proposto.
Para elas, a adesão do país vizinho ao bloco não trará vantagens econômicas relevantes e
comprometerá a negociação de
acordos de livre comércio com
outras regiões, entre as quais
União Européia e EUA.
A CNI (Confederação Nacional da Indústria), que lidera o
setor industrial nas negociações internacionais, afirma que
a aprovação do protocolo levará ao desequilíbrio entre os direitos e obrigações do país presidido por Hugo Chávez.
A Venezuela terá todos os direitos de membro pleno do
Mercosul assim que o protocolo entrar em vigor -o que ocorrerá depois de sua aprovação
pelos Congressos dos quatro
sócios do bloco. Uruguai e Argentina já deram o sinal verde.
Faltam Brasil e Paraguai.
Entre os direitos de membro
pleno está o poder de veto, que
a Venezuela poderia usar, por
exemplo, para barrar negociações com os Estados Unidos ou
a União Européia, mercados
considerados prioritários pela
indústria e o agronegócio.
"A Venezuela poderá, antes
mesmo de cumprir qualquer
período de transição, influenciar a agenda externa do bloco",
afirma documento que a CNI
encaminhou ao Congresso em
maio e no qual pede a rejeição
do protocolo de adesão.
A Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e
Eletrônica) também enviou
carta aos líderes do Congresso
na qual defende a não aprovação do ingresso da Venezuela
nos termos propostos.
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo), Paulo Skaf, considera "inaceitável" o ultimato
de Chávez ao Congresso. Porém diz não ver problema na
adesão da Venezuela, desde
que o país implemente os compromissos necessários.
O embaixador Rubens Barbosa, presidente do Conselho
Superior de Comércio Exterior
da Fiesp, ressalta que a Venezuela resiste a definir os cronogramas de cumprimento de
suas obrigações em relação ao
Mercosul. Na opinião de Barbosa, o ruído político trazido ao
bloco pela Venezuela ofusca o
benefício econômico que o setor privado teria com o maior
acesso ao mercado do país.
Lucia Maduro, economista
da unidade de negociações internacionais da CNI, observa
que as exportações do Brasil
para a Venezuela cresceram
muito a partir de 2004, em razão de acordo firmado entre o
Mercosul e os países da Comunidade Andina no ano anterior.
"Não é a adesão da Venezuela
ao Mercosul que vai mudar o
curso do comércio", diz.
André Nassar, diretor-geral
do Icone, instituto ligado à
agropecuária, diz que a entrada
da Venezuela não trará benefícios para o setor. Para ele, o
Brasil tem mais a perder do que
a ganhar com a adesão. "A política comercial ficará mais difícil e será complicado negociar
com os norte-americanos."
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