São Paulo, domingo, 05 de julho de 2009

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Em represália a golpe, OEA defende suspensão de país

JANAINA LAGE
ENVIADA ESPECIAL A WASHINGTON

O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), José Miguel Insulza, defendeu ontem durante Assembleia Extraordinária sobre a crise em Honduras que o país seja suspenso da entidade.
Após relatar as tentativas feitas nos últimos dias para reconduzir o presidente deposto Manuel Zelaya ao poder, Insulza admitiu o fracasso das gestões da OEA e avaliou que não há disposição do governo interino para rever sua posição.
"Não creio que exista alternativa a não ser considerar a aplicação do artigo 21 da Carta Democrática Interamericana", afirmou, em referência ao documento que permite a suspensão de um Estado membro que não respeita a democracia.
O governo interino de Roberto Micheletti chegou a se antecipar à decisão da OEA, anunciando anteontem a sua ruptura com a entidade. Para Insulza, porém, o anúncio unilateral não tem efeito prático.
"Como o governo de Micheletti não será reconhecido, [a retirada] não tem nenhum sentido jurídico", afirmou.
A assembleia começou ontem na sede da OEA, em Washington, às 13h (14h de Brasília). Até às 22h35, não havia consenso sobre medidas adicionais contra o governo interino de Honduras.
O representante do Canadá, Graeme Clark, afirmou que a suspensão não será suficiente para restabelecer a democracia. Ele reiterou que este não é o momento adequado para a volta de Zelaya, que participou da reunião, que contou também com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e o do Paraguai, Fernando Lugo.
O embaixador do Brasil na OEA, Ruy Casaes, afirmou à Folha antes da reunião que uma das hipóteses era adicionar um comunicado exortando os países-membros a cessarem programas de colaboração com Honduras. "Não temos medidas coercitivas, as relações de cada país com o Estado suspenso são decisões individuais", ressaltou. Um dos pontos-chave será o papel dos EUA. Na semana passada, o governo de Barack Obama adiou para amanhã a decisão se manteria programas de auxílio a Honduras.


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