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Em represália a golpe, OEA defende suspensão de país
JANAINA LAGE
ENVIADA ESPECIAL A WASHINGTON
O secretário-geral da OEA
(Organização dos Estados
Americanos), José Miguel Insulza, defendeu ontem durante
Assembleia Extraordinária sobre a crise em Honduras que o
país seja suspenso da entidade.
Após relatar as tentativas feitas nos últimos dias para reconduzir o presidente deposto Manuel Zelaya ao poder, Insulza
admitiu o fracasso das gestões
da OEA e avaliou que não há
disposição do governo interino
para rever sua posição.
"Não creio que exista alternativa a não ser considerar a
aplicação do artigo 21 da Carta
Democrática Interamericana",
afirmou, em referência ao documento que permite a suspensão de um Estado membro que
não respeita a democracia.
O governo interino de Roberto Micheletti chegou a se antecipar à decisão da OEA, anunciando anteontem a sua ruptura com a entidade. Para Insulza, porém, o anúncio unilateral
não tem efeito prático.
"Como o governo de Micheletti não será reconhecido, [a
retirada] não tem nenhum sentido jurídico", afirmou.
A assembleia começou ontem na sede da OEA, em Washington, às 13h (14h de Brasília). Até às 22h35, não havia
consenso sobre medidas adicionais contra o governo interino de Honduras.
O representante do Canadá,
Graeme Clark, afirmou que a
suspensão não será suficiente
para restabelecer a democracia. Ele reiterou que este não é
o momento adequado para a
volta de Zelaya, que participou
da reunião, que contou também com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e o
do Paraguai, Fernando Lugo.
O embaixador do Brasil na
OEA, Ruy Casaes, afirmou à
Folha antes da reunião que
uma das hipóteses era adicionar um comunicado exortando
os países-membros a cessarem
programas de colaboração com
Honduras. "Não temos medidas coercitivas, as relações de
cada país com o Estado suspenso são decisões individuais",
ressaltou. Um dos pontos-chave será o papel dos EUA. Na semana passada, o governo de Barack Obama adiou para amanhã a decisão se manteria programas de auxílio a Honduras.
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