São Paulo, terça-feira, 05 de julho de 2011

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Chávez volta e é aclamado por multidão

`Batalha' contra câncer `não está vencida', afirma o mandatário venezuelano, que retornou de surpresa de Cuba

Vice-presidente diz que nesta semana será promovida mudança no gabinete para enfrentar a nova etapa do governo

Juan Barreto/France Presse


FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

Às 17h41 de ontem em Caracas (19h11 no horário de Brasília), o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, apareceu na sacada do palácio presidencial Miraflores.
De uniforme militar, saudou a multidão que o esperava. Saudava e parava para ouvir os gritos de apoio. Então, puxou o hino nacional.
A cena, transmitida pela TV, marca a reaparição pública de Chávez, um mês após deixar o país e dias após revelar que tem câncer. Ontem, o vice-presidente, Elías Jaua, anunciou que Chávez recomporá seu gabinete, para "enfrentar a nova etapa".
No discurso à população, sem revelar detalhes da doença, o presidente disse que "começou a vencer a batalha" e que estaria sob tratamento "por um tempo".
"Que ninguém entenda que minha presença aqui significa que vencemos a batalha. Estou certo de que vocês compreendem. Começamos a vencer a batalha contra esse mal que se incubou em meu corpo."

ETAPAS
Ele anunciou "uma segunda etapa [de combate à doença] que já começou e uma terceira".
O presidente falou de pé. Após 20 minutos, sua voz começou a falhar. Bebeu água. Após meia hora, a multidão gritou: "Que descanse! Que descanse!". Chávez pediu dois minutos mais. Ficou dez.
A declaração pública de Chávez havia sido anunciada pela amanhã, após seu desembarque surpresa no aeroporto de Maiquetía, a 40 km de Caracas.
O retorno de Cuba, onde ele foi operado duas vezes desde o último dia 10 e estava em tratamento, foi exibido pela TV estatal: "Volto ao epicentro de Bolívar, e aqui é pura chama, vida pura!"
O presidente cantou, citou poemas e memórias de juventude, em contraste com o mandatário taciturno que anunciou ter câncer na última quinta-feira.
A volta de Chávez cessa por ora o debate sobre o vazio de poder que se instalou enquanto governava de Havana, mas a incerteza persiste sobre sua saúde. Ontem, Jaua apenas disse que Chávez não necessitará ser hospitalizado.

FESTA E GABINETE
Chávez voltou à Venezuela às vésperas da festa pelo bicentenário da independência do país. Ele não confirmou se participará da parada militar de hoje. "A jogada emocional pode ser positiva a curto prazo para seus seguidores, mas a pergunta é se ela resolve os embates sobre sua doença e suas limitações ao futuro", diz o analista Luis Vicente León, do Datánalisis.
Os analistas concordam que a questão crucial é se Chávez poderá concorrer em 2012 e como os independentes -nem chavistas nem antichavistas- reagirão à nova condição dele. Do ponto de vista do governo, a presença de Chávez atuaria para apaziguar disputas entre facções internas. O anúncio de Jaua de que haverá mudanças no gabinete -não raras na rotativa burocracia chavista- coincide com as especulações de que Chávez nomeará o chefe das Forças Armadas, Henry Rangel, como ministro da Defesa. Na bolsa de apostas, aparece Nicolás Maduro -ex-dirigente sindical e agora chanceler- como um candidato a vice-presidente -de livre nomeação por Chávez.


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