São Paulo, domingo, 5 de julho de 1998

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Ayodhya tem ambiente tenso

do "The Independent"

O local onde o VHP e seus aliados querem construir o templo a Ram, em Ayodhya, é um dos terrenos mais estranhos e perturbadores em todo o país.
Atraídos pela controvérsia, e também, possivelmente, por serem adoradores do deus Ram, que supostamente teria nascido ali, o local vive repleto de nacionalistas indianos agressivos.
Talvez seja o único lugar na Índia onde os homens brancos se sentem nitidamente indesejados e implicitamente ameaçados. Devastada, como o resto do norte da Índia, pelas sucessivas invasões que marcaram o último milênio de sua história, Ayodhya dá a impressão de já ter se acostumado a viver seus dias entre ruínas. O lugar é poeirento, decrépito, abandonado.
Segurança rígida
A área que circunda o próprio templo fica fechada ao público e é permanentemente patrulhada pelo Exército. Os soldados são trocados a cada poucos meses, para evitar que criem amizades com os habitantes locais. As revistas pessoais, de bagagem e de segurança costumam ser superficiais na Índia, mas aqui são meticulosas e demoradas.
Quando o visitante ultrapassa esse primeiro obstáculo, é escoltado por um caminho estreito e tortuoso entre altas barreiras metálicas, sob o olhar atento de várias torres de vigia, até chegar a outra barreira, onde são confiscados objetos pessoais como canetas, máquinas fotográficas, pentes e caixas de fósforos.
Finalmente, é autorizado a avançar até o "darshan" -o lugar onde vai "contemplar o deus", uma pequena barraca branca contendo uma imagem do deus Ram, montada por fiéis após a destruição da mesquita.
Essa frágil barraca é a semente do grandioso templo que se pretende erguer no local. Depois de alguns segundos -pouco tempo para absorver aquilo que se está vendo-, o visitante é forçado a seguir adiante. A peregrinação terminou.



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