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São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2003

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CORÉIAS

Chung era acusado de subornar Pyongyang para participar de cúpula com Seul

Executivo da Hyundai se suicida

DA REDAÇÃO

Chung Mong-hun, filho do fundador do conglomerado industrial sul-coreano Hyundai, se suicidou na madrugada de ontem. O executivo presidia a Hyundai Asan Co., braço da marca para negócios bilaterais com Pyongyang, e era investigado pelo suposto pagamento de propina ao governo norte-coreano para que o país participasse de uma cúpula de reconciliação com Seul. O encontro, em 2000, rendeu ao então presidente sul-coreano, Kim Dae-jung, o Nobel da Paz.
Segundo a polícia, Chung, 54, saltou da janela de seu escritório, no 12º andar de um prédio no centro de Seul. O executivo era o quinto dos oito filhos do fundador da Hyundai, Chung Ju-yung, e o segundo a se matar.
"Desculpem-me por ser um homem estúpido e fazer algo tão estúpido", escreveu em um dos vários bilhetes que deixou em seu escritório. Em outro, ele pediu que os negócios da empresa com a Coréia do Norte -como os investimentos em um resort e em um parque temático- fossem levados adiante.

Suborno
"Ele [Chung] pede desculpas ao povo coreano pelas alegações relacionadas aos pagamentos feitos pela empresa à Coréia do Norte", disse a Hyundai em nota oficial.
As acusações envolvem a transferência secreta de US$ 500 milhões à Coréia do Norte -incluindo US$ 100 milhões em fundos do governo- antes da cúpula de 2000. Segundo a Hyundai e Seul, US$ 400 milhões foram pagos pelo direito de monopólio nos investimentos em turismo na Coréia do Norte. Mas um pagamento de US$ 100 milhões às vésperas da cúpula não foi justificado.
Nas últimas duas semanas, Chung fora interrogado três vezes. A Promotoria negou a responsabilidade pelo suicídio e afirmou que as investigações -outras sete pessoas foram indiciadas- prosseguirão. "Conduzimos o interrogatório do sr. Chung por meio do diálogo em uma atmosfera favorável, e ele cooperou", disse o comunicado oficial.
Em nota, o presidente Roh Moo-hyun disse que continuará a "fazer o máximo para avançar nos atuais projetos de negócios entre as Coréias sem interrupções". Já o premiê Goh Kun afirmou que o suicídio de Chung era "chocante e lamentável".
A morte do executivo levou as ações da empresa a despencarem na Bolsa de Valores de Seul. A Hyundai era o maior conglomerado industrial do país até afundar em dívidas com a crise financeira de 1997, quando o governo a obrigou a se cindir. Enquanto seus irmãos receberam o controle da montadora e do estaleiro, os principais negócios da marca, Chung Mong-hun ficou com os que davam prejuízo.


Com agências internacionais

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