São Paulo, sábado, 05 de agosto de 2006

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Israel mata 38 perto da fronteira síria

Ataque que atingiu fazenda visou interromper fornecimento de armas ao Hizbollah; grupo atinge cidade mais distante

Bombardeios israelenses voltam a atingir Beirute, caem em área cristã e isolam a capital; abastecimento humanitário é suspenso


MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE TEL AVIV

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A BEIRUTE

Um ataque aéreo de israelense matou ontem pelo menos 38 pessoas que estavam carregando caminhões com vegetais na aldeia de Qaa, a 3,2 km da fronteira do Líbano com a Síria. Segundo autoridades, as vítimas são na maioria curdos de nacionalidade síria. Em Israel, mísseis do Hizbollah mataram três civis de origem árabe, e o grupo terrorista atingiu o ponto mais ao sul da fronteira, a 49 km de Tel Aviv -um dia depois de o líder Hassan Nasrallah ameaçar disparar contra a cidade em retaliação às bombas em Beirute.
Segundo agências de notícias, desde o início da ofensiva israelense que seguiu o seqüestro de dois de seus soldados pelo Hizbollah no último dia 12, ao menos 727 pessoas morreram no Líbano, e 74 em Israel.
Ontem, Israel aumentou o isolamento da capital, ao bombardear estradas e pontes ao norte de Beirute e interromper a última estrada de alta velocidade para fora da capital. O ataque, que matou cinco pessoas e atingiu os bairros de Ghazeer e Halat, é o primeiro ao coração de uma área cristã.
Também voltaram a ser atacados os distritos xiitas do sul da capital, reduto do Hizbollah. Seis pessoas morreram.
Os ataques comprometeram o principal acesso dos comboios humanitários que saíam da capital. "Esta [estrada] tem sido o nosso único meio para levar a ajuda", disse à agência Associated Press Christiane Berthiaume, do Programa Mundial de Alimentos das ONU.
Israel afirmou que o ataque teve o objetivo de impedir a chegada de armas enviadas pela Síria ao Hizbollah.
Em Qaa, segundo testemunhas, o ataque aconteceu no momento em que cinco caminhões da Síria chegaram ao local para receber carregamentos de frutas. O Exército de Israel prometeu investigar, mas afirmou ter atacado duas estruturas no local por suspeitar que fossem usadas para o transporte de armas para o Hizbollah.
A Síria não reagiu de imediato. Mas Damasco está com o Exército em alerta máximo.
Segundo o governo libanês, outras 57 pessoas ficaram presas sob escombros após ataques israelenses às aldeias de Taibe e Aita a Shaab, no sul. Mas a Força Aérea israelense negou ter atacado esses locais.
Um comboio de dez ônibus com cidadãos brasileiros que sai hoje de Beirute e do vale do Bekaa terá que fazer um desvio para chegar à fronteira norte com a Síria. De lá seguirá até Adana (Turquia), de onde partem vôos programados pelo Itamaraty rumo ao Brasil.

Tel Aviv
O Hizbollah atingiu ontem o ponto mais próximo de Tel Aviv até agora. Pelo menos três mísseis caíram perto de Hadera. Pela primeira vez foram usadas sirenes de alerta na região. Não houve feridos.
O serviço de inteligência israelense avalia que o grupo tem capacidade limitada de atingir a cidade e que gostaria de terminar a guerra com uma atitude dramática. Apesar disso, o ritmo de vida continua normal na maior cidade israelense.
Durante o dia, foram lançados mais de 200 foguetes Katyusha, matando três árabes israelenses nas aldeias druzas de Maghar e de Majdal Krum. Outras 29 pessoas foram feridas.
No sul do país, onde Israel avança para ocupar uma "faixa de segurança", três solados foram mortos em confrontos.
Em outro fato inédito no conflito, uma autoridade iraniana admitiu que Teerã forneceu mísseis Zilzal, de 210 km de alcance, ao Hizbollah. Até então, o Irã admitia apenas apoio "moral" ao grupo.


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