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Israel mata 38 perto da fronteira síria
Ataque que atingiu fazenda visou interromper fornecimento de armas ao Hizbollah; grupo atinge cidade mais distante
Bombardeios israelenses voltam a atingir Beirute, caem em área cristã e isolam a capital; abastecimento humanitário é suspenso
MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE TEL AVIV
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A BEIRUTE
Um ataque aéreo de israelense matou ontem pelo menos 38
pessoas que estavam carregando caminhões com vegetais na
aldeia de Qaa, a 3,2 km da fronteira do Líbano com a Síria. Segundo autoridades, as vítimas
são na maioria curdos de nacionalidade síria. Em Israel, mísseis do Hizbollah mataram três
civis de origem árabe, e o grupo
terrorista atingiu o ponto mais
ao sul da fronteira, a 49 km de
Tel Aviv -um dia depois de o líder Hassan Nasrallah ameaçar
disparar contra a cidade em retaliação às bombas em Beirute.
Segundo agências de notícias, desde o início da ofensiva
israelense que seguiu o seqüestro de dois de seus soldados pelo Hizbollah no último dia 12,
ao menos 727 pessoas morreram no Líbano, e 74 em Israel.
Ontem, Israel aumentou o
isolamento da capital, ao bombardear estradas e pontes ao
norte de Beirute e interromper
a última estrada de alta velocidade para fora da capital. O ataque, que matou cinco pessoas e
atingiu os bairros de Ghazeer e
Halat, é o primeiro ao coração
de uma área cristã.
Também voltaram a ser atacados os distritos xiitas do sul
da capital, reduto do Hizbollah.
Seis pessoas morreram.
Os ataques comprometeram
o principal acesso dos comboios humanitários que saíam
da capital. "Esta [estrada] tem
sido o nosso único meio para levar a ajuda", disse à agência Associated Press Christiane Berthiaume, do Programa Mundial
de Alimentos das ONU.
Israel afirmou que o ataque
teve o objetivo de impedir a
chegada de armas enviadas pela Síria ao Hizbollah.
Em Qaa, segundo testemunhas, o ataque aconteceu no
momento em que cinco caminhões da Síria chegaram ao local para receber carregamentos
de frutas. O Exército de Israel
prometeu investigar, mas afirmou ter atacado duas estruturas no local por suspeitar que
fossem usadas para o transporte de armas para o Hizbollah.
A Síria não reagiu de imediato. Mas Damasco está com o
Exército em alerta máximo.
Segundo o governo libanês,
outras 57 pessoas ficaram presas sob escombros após ataques israelenses às aldeias de
Taibe e Aita a Shaab, no sul.
Mas a Força Aérea israelense
negou ter atacado esses locais.
Um comboio de dez ônibus
com cidadãos brasileiros que
sai hoje de Beirute e do vale do
Bekaa terá que fazer um desvio
para chegar à fronteira norte
com a Síria. De lá seguirá até
Adana (Turquia), de onde partem vôos programados pelo
Itamaraty rumo ao Brasil.
Tel Aviv
O Hizbollah atingiu ontem o
ponto mais próximo de Tel
Aviv até agora. Pelo menos três
mísseis caíram perto de Hadera. Pela primeira vez foram
usadas sirenes de alerta na região. Não houve feridos.
O serviço de inteligência israelense avalia que o grupo tem
capacidade limitada de atingir
a cidade e que gostaria de terminar a guerra com uma atitude dramática. Apesar disso, o
ritmo de vida continua normal
na maior cidade israelense.
Durante o dia, foram lançados mais de 200 foguetes Katyusha, matando três árabes israelenses nas aldeias druzas de
Maghar e de Majdal Krum. Outras 29 pessoas foram feridas.
No sul do país, onde Israel
avança para ocupar uma "faixa
de segurança", três solados foram mortos em confrontos.
Em outro fato inédito no
conflito, uma autoridade iraniana admitiu que Teerã forneceu mísseis Zilzal, de 210 km de
alcance, ao Hizbollah. Até então, o Irã admitia apenas apoio
"moral" ao grupo.
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