São Paulo, quarta-feira, 05 de agosto de 2009

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Hillary dá início no Quênia a tour por sete países africanos

Na pauta da chanceler, governança disputará espaço com economia e energia

Sob Obama, foco declarado para o continente sai de contraterrorismo e entra em democracia; recursos contra a Aids devem ser mantidos


ANDREA MURTA
DA REDAÇÃO

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, chegou ontem ao Quênia para uma viagem de 11 dias por sete países do continente africano, no qual abordará assuntos que vão de energia e cooperação econômica até violência sexual.
Em seu primeiro tour na África como chanceler americana, Hillary passará, além do Quênia, por Angola, África do Sul, República Democrática do Congo (RDC), Nigéria, Libéria e Cabo Verde. No Quênia, terá reunião também com o governante interino da Somália, Sharif Ahmed.
Assim como fizera anteriormente em relação a China, Oriente Médio, Índia e outros, o Departamento de Estado insistiu em que a África tem forte prioridade sob Barack Obama.
O périplo de Hillary foi apresentado como prova desse fato, ao lado da ida de Obama ao continente ainda nos primeiros seis meses de gestão. Ele foi a Gana no mês passado, quando destacou a necessidade de a África desenvolver suas instituições democráticas.
A governança é, aliás, um ponto em que o governo atual tenta claramente imprimir uma marca própria. "Obama já sinalizou fortemente sua ênfase em governança e democracia. É uma mudança grande em relação à gestão anterior, que prestava mais atenção em temas de contraterrorismo", afirmou à Folha Peter Lewis, diretor do programa de estudos africanos da Universidade Johns Hopkins.
Dentro desse investimento, a situação da democracia será discutida inicialmente no Quênia, que enfrentou conflitos violentos no período pós-eleitoral em 2007. Na RDC, a governança será importante, e Hillary deverá abordar a luta contra a corrupção antes de tratar da violência sexual alimentada pelos conflitos no leste do país. Na África do Sul, a situação política do vizinho Zimbábue entrará na pauta.

Economia em foco
Liberdades políticas terão porém de dividir a atenção da secretária com a economia, especialmente dado o avanço das ambições chinesas sobre a África. O comércio entre a China e o continente pulou de US$ 10 milhões nos anos 1980 a US$ 107 bilhões em 2008 -valor modesto se comparado aos US$ 224 bilhões das trocas com os EUA, mas que preocupa.
No Quênia, será prioritário um fórum de cooperação econômica entre os EUA e a África subsaariana, e em Angola e na Nigéria, o ponto central será o petróleo. "Angola historicamente tem relações tensas com os EUA, enquanto os conflitos internos da Nigéria [ameaçada por extremistas islâmicos] são um problema para o comércio de recursos energéticos", afirma Lewis.
Nem tudo, porém, será novidade. Para Lewis, serão mantidas por Hillary políticas já em curso na África, principalmente na alocação de recursos para combate à pobreza e à Aids, que George W. Bush considerava um de seus maiores sucessos.


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