|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Hillary dá início no Quênia a tour por sete países africanos
Na pauta da chanceler, governança disputará espaço com economia e energia
Sob Obama, foco declarado para o continente sai de contraterrorismo e entra em democracia; recursos contra a Aids devem ser mantidos
ANDREA MURTA
DA REDAÇÃO
A secretária de Estado dos
EUA, Hillary Clinton, chegou
ontem ao Quênia para uma viagem de 11 dias por sete países
do continente africano, no qual
abordará assuntos que vão de
energia e cooperação econômica até violência sexual.
Em seu primeiro tour na
África como chanceler americana, Hillary passará, além do
Quênia, por Angola, África do
Sul, República Democrática do
Congo (RDC), Nigéria, Libéria
e Cabo Verde. No Quênia, terá
reunião também com o governante interino da Somália, Sharif Ahmed.
Assim como fizera anteriormente em relação a China,
Oriente Médio, Índia e outros,
o Departamento de Estado insistiu em que a África tem forte
prioridade sob Barack Obama.
O périplo de Hillary foi apresentado como prova desse fato,
ao lado da ida de Obama ao continente ainda nos primeiros
seis meses de gestão. Ele foi a
Gana no mês passado, quando
destacou a necessidade de a
África desenvolver suas instituições democráticas.
A governança é, aliás, um
ponto em que o governo atual
tenta claramente imprimir
uma marca própria. "Obama já
sinalizou fortemente sua ênfase em governança e democracia. É uma mudança grande em
relação à gestão anterior, que
prestava mais atenção em temas de contraterrorismo", afirmou à Folha Peter Lewis, diretor do programa de estudos
africanos da Universidade
Johns Hopkins.
Dentro desse investimento, a
situação da democracia será
discutida inicialmente no Quênia, que enfrentou conflitos
violentos no período pós-eleitoral em 2007. Na RDC, a governança será importante, e
Hillary deverá abordar a luta
contra a corrupção antes de
tratar da violência sexual alimentada pelos conflitos no leste do país. Na África do Sul, a situação política do vizinho Zimbábue entrará na pauta.
Economia em foco
Liberdades políticas terão
porém de dividir a atenção da
secretária com a economia, especialmente dado o avanço das
ambições chinesas sobre a África. O comércio entre a China e
o continente pulou de US$ 10
milhões nos anos 1980 a US$
107 bilhões em 2008 -valor
modesto se comparado aos US$
224 bilhões das trocas com os
EUA, mas que preocupa.
No Quênia, será prioritário
um fórum de cooperação econômica entre os EUA e a África
subsaariana, e em Angola e na
Nigéria, o ponto central será o
petróleo. "Angola historicamente tem relações tensas com
os EUA, enquanto os conflitos
internos da Nigéria [ameaçada
por extremistas islâmicos] são
um problema para o comércio
de recursos energéticos", afirma Lewis.
Nem tudo, porém, será novidade. Para Lewis, serão mantidas por Hillary políticas já em
curso na África, principalmente na alocação de recursos para
combate à pobreza e à Aids, que
George W. Bush considerava
um de seus maiores sucessos.
Texto Anterior: Oriente Médio: Em convenção do Fatah, Abbas prega diálogo Próximo Texto: Tensão no Cáucaso: Rússia põe tropas em alerta em região disputada da Geórgia Índice
|