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Irã nega atentado contra Ahmadinejad
Governo diz que fogo de artifício causou explosão perto de comitiva em Hamedan, mas site diz ter sido granada
Porém, Khabar Online, ligado à oposição, retirou informação
do ar pouco depois do
desmentido de Teerã
Saman Aghvami/Associated Press/Isna
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O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad (centro), é cercado por guarda-costas em Hamedan (a 340 km a sudoeste de Teerã) depois de explosão
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
O governo do Irã apressou-se ontem a negar que o presidente Mahmoud Ahmadinejad tivesse sofrido tentativa
de assassinato, em meio a
choque de versões deflagrado pela informação veiculada por um site conservador.
Segundo o Khabar Online,
uma granada caseira teria sido lançada contra um ônibus
de jornalistas que estava a
cem metros do comboio em
que Ahmadinejad se deslocava na cidade de Hamedan
(oeste).
Logo em seguida, porém, o
site, ligado ao presidente do
Parlamento, Ali Larijani, retirou a notícia do ar.
O governo imediatamente
desmentiu o relato, dizendo
que a explosão perto do comboio presidencial fora provocada por fogos de artifício.
Pouco depois, Ahmadinejad aparecia ao vivo na TV
iraniana, fazendo um discurso em que repetiu os costumeiros ataques aos EUA e a
Israel e sem nenhuma menção ao suposto atentado.
REPERCUSSÃO
Apesar do desmentido, a
notícia surgida no Khabar
Online reverberou rapidamente. A Reuters e a emissora de TV Al Arabiya, baseada
em Dubai, citaram "fontes do
governo" que confirmaram o
atentado.
Segundo a agência britânica, uma bomba de fabricação
caseira teria explodido no
trajeto do comboio presidencial entre o aeroporto e uma
arena esportiva. Imagens divulgadas pela agência iraniana Isna mostram seguranças cercando Ahmadinejad
ao lado de uma discreta coluna de fumaça, em meio a um
mar de gente.
Ninguém assumiu a autoria do suposto atentado.
Dando crédito ao primeiro
relato, a agência de notícias
semioficial Fars confirmou o
incidente e disse que uma
pessoa havia sido presa. Mas
horas depois, também ela
mudou seu relato para a versão de que a explosão tinha
sido apenas causada por fogos de artifício.
A emissora estatal Press
TV, que se manteve em silêncio durante horas sobre o episódio, finalmente divulgou o
depoimento de uma fonte
"bem informada" do gabinete presidencial, desmentindo
o atentado e atribuindo a notícia a "fontes estrangeiras".
Embora o governo de Ahmadinejad seja cada vez
mais impopular no Irã, principalmente após a reeleição,
que foi cercada de denúncias
de fraude, há registro de apenas uma tentativa de atentado contra ele, em 2005.
O regime tem reprimido
até tentativas pacíficas de
protesto, como ocorreu no
primeiro aniversário da reeleição, em junho. Outra fonte
de oposição, esta sim violenta, é o grupo sunita Jundollah. Em julho, um atentado
reivindicado pelo grupo insurgente matou 21 pessoas
numa mesquita no sul do Irã.
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