São Paulo, quinta-feira, 05 de agosto de 2010

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ONU dá razão a Israel em confronto

Segundo organismo, Exército israelense não invadiu território do Líbano, como afirmam as forças libanesas

Mais grave incidente entre os países desde 2006 foi motivado por poda de árvores em encrave na fronteira


MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

A ONU confirmou a versão de Israel no confronto de anteontem na fronteira com o Líbano, que deixou cinco mortos. Segundo o comando das forças de paz do organismo, o Exército de Israel não invadiu o território inimigo, conforme afirmaram os militares libaneses para justificar os disparos feitos.
O mais grave incidente entre os dois países desde a guerra entre Israel e o grupo xiita Hizbollah, em 2006, foi iniciado quando o Exército de Israel podava árvores na fronteira, e soldados libaneses abriram fogo, matando um oficial israelense. Israel respondeu com artilharia pesada, destruindo casas e deixando quatro mortos -três soldados e um jornalista.
Em entrevista coletiva ontem em Nova York, o chefe das operações de paz da ONU, Alain le Roy, disse que as árvores estavam no lado israelense da fronteira.
As árvores da discórdia estavam num encrave situado entre a Linha Azul, a fronteira demarcada pela ONU entre Israel e o Líbano, e a "cerca técnica" que separa fisicamente os dois países.
Desde que Israel se retirou do sul do Líbano, em 2000, Beirute considera parte deste encrave seu território.
"O Líbano sempre expressou respeito pela Linha Azul, mas sempre afirmou que ela não é a fronteira internacional, e que há áreas ao sul da Linha Azul que são território libanês", disse o ministro da Informação, Tareq Mitri.
O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, acusou o Exército libanês de disparar sem qualquer motivo.
"Foi uma grave provocação, e nós reagimos de forma contida e imediata", disse Barak. Ele avaliou o incidente como isolado, e não como um ataque planejado pelo comando do Exército libanês ou do Hizbollah.
A declaração de Barak, o mesmo que ordenou o fim da ocupação militar israelense no sul do Líbano quando era premiê, em 2000, parece ter tido o objetivo de evitar uma escalada na fronteira.
O mesmo objetivo é compartilhado pelo Hizbollah, diz o analista Peter Harling, do International Crisis Group. "O Hizbollah não quer uma escalada de tensão, pois sabe que as consequências de um confronto direto com Israel seriam devastadoras."


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