São Paulo, sexta-feira, 05 de agosto de 2011

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Estudantes chilenos invadem sede de TV

Canal é ligado à família do presidente Sebastián Piñera; mais de 500 foram detidos em confrontos com a polícia

Mandatário usa decreto de Pinochet para impedir manifestações que não tenham sido aprovadas pelo governo

LUCAS FERRAZ
DE BUENOS AIRES

Em violentas manifestações ontem no Chile, estudantes invadiram uma rede de TV que era da família do presidente Sebastián Piñera.
Os distúrbios se iniciaram pela manhã, com confrontos com policiais. Estudantes protestam há três meses pela reforma do sistema educacional. Houve mais de 500 prisões e dezenas de feridos.
O conflito se intensificou após o governo proibir duas manifestações dos estudantes. Para impedir os protestos, Piñera usou um decreto assinado pelo ex-ditador Augusto Pinochet (1915-2006).
A medida reconhece o direito de realizar atos, desde que sejam antes aprovados pelo governo, que negou o direito sob o argumento de manter a "ordem pública".
Estudantes ignoraram a proibição e saíram às ruas, mas acabaram reprimidos.
Os manifestantes montaram barricadas em pelo menos dez pontos da capital, Santiago, e atiraram paus, pedras e coquetéis molotov, segundo imagens da TV local. A polícia agiu com jatos de água e gás lacrimogêneo.
À noite, os estudantes voltaram às ruas e invadiram a rede de TV Chilevisión, da qual Piñera se desligou após assumir a Presidência. Moradores da capital saíram às ruas em apoio aos estudantes.
Os novos distúrbios devem esfriar a tentativa de acordo para pôr fim aos protestos. O Ministério da Educação apresentou uma proposta, considerada insuficiente pelo movimento estudantil.Uma das principais demandas é que o ensino público seja gratuito.
Piñera havia dito nesta semana que não iria mais permitir manifestações de estudantes. O porta-voz do governo, Andrés Chadwick, disse também que os "estudantes não são donos do país".
A "primavera chilena" eclodiu em maio, com protestos nas ruas e a ocupação de várias universidades, e provocou grave crise no governo.
No último mês, o presidente reformou quase metade de seu gabinete para tentar melhorar a imagem do governo, que ostenta um dos piores índices de aprovação da história política do Chile.
O Centro de Estudos Públicos, um dos institutos mais respeitados do país, divulgou ontem uma nova pesquisa sobre a popularidade de Piñera, que segue em queda: ele tem apenas 26% de aprovação popular.


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