São Paulo, quinta-feira, 05 de setembro de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Pela primeira vez, premiê de Israel diz acreditar na possibilidade de romper impasse no diálogo com palestinos

Sharon vê chance de avanço diplomático

DA REDAÇÃO

O premiê de Israel, Ariel Sharon, disse pela primeira vez ontem que acredita num avanço diplomático capaz de quebrar o impasse nas negociações com os palestinos para pôr fim à violência que há dois anos abala a região.
"Agora, pela primeira vez, vejo a possibilidade de romper o impasse para um acordo político. Não será algo simples nem fácil, mas existe a possibilidade", declarou ao Canal 2 da TV israelense.
Indagado sobre os eventuais parceiros palestinos nessas negociações -o premiê se nega a falar com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat, a quem acusa de patrocinar o terrorismo-, Sharon respondeu: "Com palestinos que chegaram à conclusão de que não conquistarão nada com o terror".
As declarações foram feitas dois dias depois de o novo ministro do Interior palestino, Abdel Razzak al Yahya, ter convocado os militantes a adotar uma resistência pacífica contra a ocupação, reconhecendo que a violência não trouxe benefícios à causa palestina. Seu chamado foi rejeitado por grupos extremistas islâmicos como Hamas e Jihad Islâmico.
Altos funcionários da ANP questionaram as intenções de Sharon. "A parte israelense não é séria e o seu discurso político não vai na direção da paz", disse Nabil Abu Rudeina, conselheiro de Arafat. "Israel deve se retirar totalmente [dos territórios palestinos reocupados" e parar as agressões antes da volta às negociações."
O diário israelense "Yediot Ahronot" afirmou ontem que Sharon aceitou se reunir "nos próximos dias" com um importante integrante do governo palestino.
Al Yahya seria um forte candidato. Ele é responsável pelos serviços de segurança e tem sido uma voz moderada no interior da ANP.
Al Yahya foi recentemente recebido em Washington por altos funcionários do governo Bush, que, assim como Israel, tem interesse em fortalecer novas lideranças capazes de substituir Arafat e negociar um cessar-fogo.

Parentes expulsos
Israel expulsou ontem da Cisjordânia para a faixa de Gaza dois irmãos de um terrorista acusado de tramar atentado suicida que matou cinco pessoas em Tel Aviv.
A medida, criticada pelos EUA e por grupos defensores dos direitos humanos, foi tomada após autorização, anteontem, da Suprema Corte.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, atacou a deportação, em um comunicado lido por seu porta-voz. "Embora o secretário-geral venha condenando os atentados suicidas e sustentando o direito de autodefesa de Israel , ele deseja destacar que a autodefesa não pode justificar medidas que representem punição coletiva."
Segundo Israel, Kifah e Intisar Ajouri foram deportados não só por seu parentesco com o terrorista, mas por tê-lo ajudado a se esconder e a transportar explosivos. Os dois irmãos foram vendados e levados a uma região rural perto do assentamento judaico de Netzarim. Os soldados deram água e cerca de US$ 200 a cada um deles e os deixaram.
A operação foi feita de forma sigilosa para evitar chamar a atenção da imprensa, que se concentrava na região de controle fronteiriço de Erez à espera da chegada dos deportados.
Segundo a rádio Israel, os policiais palestinos em Erez haviam recebido ordens da ANP para não permitir a entrada deles, o que deixaria as tropas israelenses em situação embaraçosa.

Líbia
Sharon afirmou ontem que a Líbia pode ser o primeiro país árabe a adquirir armas de destruição em massa -possivelmente armas nucleares. Segundo ele, Coréia do Norte, Iraque e talvez o Paquistão têm ajudado o ditador Muammar Gaddafi nesses esforços.


Com agências internacionais

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