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Ex-ministro palestino critica corrupção e defende reformas
PAULO DANIEL FARAH
DA REDAÇÃO
O ex-ministro da Autoridade
Nacional Palestina Nabil Amro
tornou-se o principal líder árabe a
criticar o governo de Iasser Arafat
e defender reformas em sua administração e um amplo debate
na sociedade palestina.
Em sua "carta ao presidente Iasser Arafat", publicada no jornal
palestino "Al Hayat al Jadyda"
(vida nova, em árabe), Amro pediu o fim da corrupção e da impunidade na Autoridade Nacional
Palestina. "O que fizemos com o
dinheiro? O que fizemos com a
administração? Que tipo de avanço obtivemos?", questionou.
Amro disse à Folha, por telefone, que "a intenção foi abrir os
olhos do governo para evitar um
futuro ainda mais trágico, embora não soubesse se a carta seria
publicada. A ocupação só se fortalece com a situação vigente".
Sobre as negociações de Camp
David, realizadas nos EUA em julho de 2000, disse que os palestinos desperdiçaram a oportunidade de negociar um acordo com Israel, sob o patrocínio norte-americano -apesar das restrições
que manifestou.
"Há árabes, palestinos e israelenses que se opõem às negociações. Eles todos possuem grande
responsabilidade no fracasso das
tentativas de acordo", afirmou.
"Não jogamos lama na imagem
do presidente Bill Clinton, que
ousou propor um Estado com alguns ajustes?", escreveu Amro no
"Al Hayat al Jadyda".
"Tínhamos certeza do que fazíamos? Não, porque, depois de dois
anos de [derramamento de" sangue, passamos a defender o que
havíamos rejeitado", afirmou.
A onda de violência que sucedeu ao fracasso nas negociações e
à visita de Ariel Sharon, atual premiê israelense, à Esplanada das
Mesquitas (ou Monte do Templo,
para os judeus) deixou milhares
de mortos e feridos.
Desde o início da Intifada (levante palestino contra a ocupação
israelense), morreram pelo menos 1.533 palestinos e 589 israelenses.
Amro defendeu o fim dos atos
de violência e um diálogo mais
aberto e franco entre "os líderes e
os liderados" palestinos.
"Senhor presidente [Iasser Arafat"... será que, porque temos uma
causa justa, podemos fazer o que
quisermos?? Será que a justiça de
nossa causa justifica toda essa
confusão doméstica", escreveu.
A maioria dos palestinos não
questiona o status de Arafat, 72,
como líder, mas muitos o criticam
por seu autoritarismo e por sua
tolerância com a corrupção.
No final de junho, o presidente
dos EUA, George W. Bush, descartou Arafat como parceiro nas
negociações de paz para a eventual fundação de um Estado palestino. Em resposta, Arafat anunciou eleições para o início do próximo ano (das quais pode participar) e prometeu reformas. Seu
atual mandato, obtido nas urnas
em 1996, já se encerrou. Ele alegava que a violência da Intifada impossibilitava novas eleições.
"Não defendi a saída de Arafat,
mas a necessidade de ele mudar
as propostas e promover reformas no governo", explicou Amro,
membro do Legislativo, sobre a
carta. Ele renunciou como ministro para assuntos parlamentares
há três meses para "encorajar um
debate interno na Palestina".
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