São Paulo, domingo, 05 de setembro de 2004

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Notícias sobre "terroristas" são pivô de crítica

DE LONDRES

Uma das principais críticas de organizações de muçulmanos e de instituições de proteção a direitos humanos em relação à mídia no Reino Unido está ligada às notícias de prisões de suspeitos de terrorismo.
"Com a nova lei antiterror, a polícia pode deter qualquer pessoa sob o pretexto de que é suspeita, e a maior parte dos presos são muçulmanos. Só que a maioria deles acaba sendo liberada por falta de provas. O problema é que a mídia noticia com estardalhaço as prisões, mas não noticia quando as pessoas são soltas", diz Liz Fekete, do Institute of Race Relations.
Segundo ela, a conseqüência negativa disso é que a população acaba tendo a idéia de que muitos muçulmanos estão envolvidos com terrorismo no Reino Unido.
Pesquisas do Institute of Race Relations e de instituições que representam muçulmanos indicam que, entre mais de 600 pessoas -a maior parte muçulmanos- detidas para averiguação, somente 15 ficaram presas.
"Além disso, a maioria dos que terminaram presos de fato sequer são muçulmanos. Muitos eram suspeitos de ligação com o terrorismo na Irlanda do Norte, por exemplo", afirma Fekete.
Mas o fato de estarem no centro desse debate público também tem trazido conseqüências positivas, segundo os muçulmanos, como o crescimento da procura por cursos sobre o Oriente Médio.
"Acho que todas as discussões sobre o Oriente Médio, petróleo e guerra têm chamado a atenção dos jovens. Por outro lado, o declínio do interesse por estudos americanos pode ser uma reação contra o que os políticos dos EUA têm feito", disse Muhammad Abdel Haleem, da School of Oriental and African Studies. (EF)


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