São Paulo, terça-feira, 05 de setembro de 2006

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11/9 - Cinco anos depois

Pela primeira vez, governo americano responde a autores de teorias da conspiração

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Cinco anos depois, George W. Bush resolveu agir. Na véspera da data redonda do ataque de 11 de Setembro, a administração republicana passou a responder uma a uma as teorias conspiratórias sobre motivos, meios, ações e reações relacionados ao ataque terrorista, que ganharam fôlego nos últimos dias, com a publicação de livros e vídeos cada vez mais populares na Internet. A Casa Branca tem razão em se preocupar. Segundo a pesquisa mais recente sobre o assunto, do Scripps Survey Research Center da Universidade de Ohio, 36% de 1.010 adultos ouvidos pelo telefone acham que é "muito provável" ou "algo provável" que o governo tenha permitido que o 11 de Setembro acontecesse ou mesmo que tenha sido o autor do atentado. Quatro são as teorias mais persistentes: o Pentágono não foi atingido por um avião, mas por um míssil; o vôo United 93 não caiu, mas foi derrubado; o governo Bush "fechou os olhos" para os sinais pré-11/9, para poder implantar sua política externa; as torres foram dinamitadas por explosivos de demolição. A última mereceu a resposta mais elaborada.
Na semana passada, o National Institute of Standards and Technology (NIST), uma agência federal ligada ao Departamento do Comércio, divulgou um estudo de sete páginas com respostas para as perguntas mais freqüentes sobre a queda das torres gêmeas em Nova York. O texto, baseado na investigação de 10 mil páginas produzida antes pelo órgão, refuta passo a passo a teoria de que o choque dos aviões e o incêndio que se seguiu não seriam capazes do feito. Dois são os argumentos principais: seria virtualmente impossível burlar a segurança das torres para passar a quantidade de explosivos necessária para a demolição dos prédios e instalá-los nos locais estratégicos; e a queda das torres ocorreu 57 minutos e 102 minutos depois dos choques- nenhum explosivo suportaria o tempo de calor sem detonar.
Furos
A explicação não agradou ao site que é considerado pelos teóricos da conspiração o mais "fundamentado" sobre o assunto: "The Journal of 9/11 Studies". "Não é à toa que o NIST gastou dinheiro e tempo e veio a público se explicar. Seus relatórios têm tantos furos científicos que as pessoas estão começando a ficar incomodadas", disse à Folha Kevin Ryan, um dos editores da publicação.
Não é essa a razão, disse um porta-voz do NIST, Michael Newman: "Com os cinco anos, as "teses alternativas" ganham mais voz e espaço, com isso passamos a receber cada vez mais telefonemas e e-mails de pessoas pedindo que respondêssemos".


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