São Paulo, sábado, 05 de setembro de 2009

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Ação da Otan no Afeganistão mata 70 entre Taleban e civis

Morte de não combatentes, ponto de atrito com os EUA, é estimada em 25 a 40

Chefe das forças externas no país assumira há 3 meses prometendo reduzir casos; ataque visou 2 caminhões roubados por insurgentes

DA REDAÇÃO

Um ataque da Otan matou ao menos 70 pessoas ontem no norte do Afeganistão, dezenas das quais civis, de acordo com autoridades locais e a própria aliança militar ocidental. O episódio reaviva a recorrente polêmica entre o governo afegão e os EUA sobre mortes de não combatentes.
Requisitado pelo comando alemão na Isaf (força internacional liderada pela Otan no Afeganistão), o ataque na Província de Kunduz visou dois caminhões-tanque roubados na noite de anteontem na região por insurgentes do Taleban.
Segundo as versões de um porta-voz do grupo radical islâmico e do governo local, o bombardeio, por um jato americano, foi realizado quando civis circundavam os caminhões para ficar com o combustível.
Os veículos não conseguiram passar por um rio e foram deixados pelos insurgentes, que teriam então avisado os locais da presença do combustível.
Inicialmente, o Ministério da Defesa alemão disse que 50 extremistas haviam sido mortos. Mais tarde, porém, o secretário-geral da Otan, Anders Rasmussen, admitiu que civis poderiam estar entre as vítimas.
O número de mortes de não combatentes variava ontem de 25 a 40, segundo autoridades locais. Um suposto porta-voz do Taleban, no entanto, disse que todos os mortos eram civis.
A Alemanha, que tem cerca de 4.000 soldados no Afeganistão, justificou o ataque alegando que os caminhões poderiam ser usados para ataques suicidas contra suas bases na região.
Devido às mortes civis, o episódio pode influir nas eleições parlamentares do dia 27 na Alemanha -onde a participação na guerra é impopular-, em que a chanceler (premiê) Angela Merkel tentará a reeleição.
A coalizão liderada pelos EUA e o governo afegão anunciaram a abertura de uma investigação conjunta do ataque.
O ataque ocorre três meses após o general Stanley McChrystal assumir a chefia das forças americanas no país prometendo conter incidentes similares, que têm sido um dos principais pontos de atrito de Cabul com os EUA.
Desde o ano passado, o presidente Hamid Karzai fez reiteradas reclamações contra as operações militares no país. As mortes de civis são consideradas as maiores responsáveis por comprometer o apoio interno à ofensiva anti-Taleban.
Ontem, Karzai se disse muito entristecido com as novas mortes e voltou a criticar as ações.


Com agências internacionais


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