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Ação da Otan no Afeganistão mata 70 entre Taleban e civis
Morte de não combatentes, ponto de atrito com os EUA, é estimada em 25 a 40
Chefe das forças externas no país assumira há 3 meses prometendo reduzir casos; ataque visou 2 caminhões roubados por insurgentes
DA REDAÇÃO
Um ataque da Otan matou ao
menos 70 pessoas ontem no
norte do Afeganistão, dezenas
das quais civis, de acordo com
autoridades locais e a própria
aliança militar ocidental. O episódio reaviva a recorrente polêmica entre o governo afegão e
os EUA sobre mortes de não
combatentes.
Requisitado pelo comando
alemão na Isaf (força internacional liderada pela Otan no
Afeganistão), o ataque na Província de Kunduz visou dois caminhões-tanque roubados na
noite de anteontem na região
por insurgentes do Taleban.
Segundo as versões de um
porta-voz do grupo radical islâmico e do governo local, o bombardeio, por um jato americano, foi realizado quando civis
circundavam os caminhões para ficar com o combustível.
Os veículos não conseguiram
passar por um rio e foram deixados pelos insurgentes, que
teriam então avisado os locais
da presença do combustível.
Inicialmente, o Ministério da
Defesa alemão disse que 50 extremistas haviam sido mortos.
Mais tarde, porém, o secretário-geral da Otan, Anders Rasmussen, admitiu que civis poderiam estar entre as vítimas.
O número de mortes de não
combatentes variava ontem de
25 a 40, segundo autoridades
locais. Um suposto porta-voz
do Taleban, no entanto, disse
que todos os mortos eram civis.
A Alemanha, que tem cerca
de 4.000 soldados no Afeganistão, justificou o ataque alegando que os caminhões poderiam
ser usados para ataques suicidas contra suas bases na região.
Devido às mortes civis, o episódio pode influir nas eleições
parlamentares do dia 27 na Alemanha -onde a participação
na guerra é impopular-, em
que a chanceler (premiê) Angela Merkel tentará a reeleição.
A coalizão liderada pelos
EUA e o governo afegão anunciaram a abertura de uma investigação conjunta do ataque.
O ataque ocorre três meses
após o general Stanley
McChrystal assumir a chefia
das forças americanas no país
prometendo conter incidentes
similares, que têm sido um dos
principais pontos de atrito de
Cabul com os EUA.
Desde o ano passado, o presidente Hamid Karzai fez reiteradas reclamações contra as
operações militares no país. As
mortes de civis são consideradas as maiores responsáveis
por comprometer o apoio interno à ofensiva anti-Taleban.
Ontem, Karzai se disse muito
entristecido com as novas mortes e voltou a criticar as ações.
Com agências internacionais
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