São Paulo, sábado, 05 de outubro de 2002

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"Taleban americano" é condenado a 20 anos por lutar contra os EUA

DA REDAÇÃO

Um juiz americano condenou ontem John Walker Lindh, o americano capturado por forças dos EUA durante a guerra no Afeganistão, a 20 anos de prisão por combater ao lado do grupo extremista islâmico Taleban.
Antes do anúncio da sentença, Lindh pediu desculpas por seus atos, disse ao tribunal em Alexandria (Virgínia) que se arrependia de ter se unido ao Taleban e afirmou que sua intenção nunca havia sido lutar contra os EUA.
"Você fez uma escolha ruim ao se unir ao Taleban e se engajar no esforço [no Afeganistão"", disse o juiz T.S. Ellis ao ler a sentença.
Vestido com um macacão verde da prisão, Lindh leu por 15 minutos, chorando, uma declaração em que se desculpava por seus atos. Ele interrompeu a leitura diversas vezes, soluçando.
Sob um acordo firmado em julho, Lindh, 21, foi poupado de uma possível pena de prisão perpétua e todas as acusações de terrorismo contra ele foram derrubadas. Em troca, ele se declarou culpado de ajudar o Taleban e de carregar explosivos.
O Taleban governou o Afeganistão por mais de cinco anos antes de ser derrubado no ano passado, durante a ofensiva dos EUA.
Lindh sofrera originalmente dez acusações de conspirar para matar americanos e conspirar com o Taleban e com a Al Qaeda.
"Fui ao Afeganistão porque acreditava que fosse meu dever religioso ajudar meus companheiros muçulmanos em sua guerra santa", disse Lindh, que se converteu ao islã quando era adolescente. "Nunca entendi a guerra santa como sinônimo de antiamericanismo ou terrorismo. Condeno o terrorismo em todos os níveis, inequivocamente."
Lindh, que ficou conhecido como o "taleban americano", foi capturado no Afeganistão no fim de novembro junto com combatentes do Taleban. Ele foi entregue ao Exército americano em 1º de dezembro.
"Entendo por que tantos americanos ficaram bravos quando eu fui descoberto no Afeganistão", disse Lindh. "Eu entendo que muitos ainda estejam. Mas espero que, com tempo e compreensão, esses sentimentos mudem."
Com a voz entrecortada por soluços, Lindh disse: "Cometi um erro ao me unir ao Taleban. Quero que a população americana saiba que, se eu soubesse na época o que sei hoje sobre o Taleban, eu jamais teria me unido a eles".
Ellis disse que recomendaria, a pedido dos advogados de defesa, que Lindh fosse ordenado a cumprir sua pena em uma prisão perto de sua família, na Califórnia.


Com agências internacionais


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