São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2004

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Republicanos celebram Karl Rove, democratas põem culpa em Kerry

ELISABETH BUMILLER
DO "NEW YORK TIMES"

A poucas horas do fechamento da campanha de reeleição do presidente George W. Bush, Karl Rove, seu principal conselheiro político, mantinha-se obcecado em fazer com que os eleitores republicanos fossem às urnas.
Tarde da noite na segunda-feira, durante um comício em Albuquerque (Novo México), Rove puxou do bolso folhas de papel cheias de números que confirmavam que o seu exército estava integralmente em operação.
"Em Nevada, onde da última vez tivemos 598 mil votos, nossa organização fez 130 mil contatos." Ele tinha números semelhantes para Flórida, Pensilvânia e todos os outros Estados indefinidos.
Na terça à noite, o trabalho de Rove provou-se vitorioso. Segundo republicanos, o incansável trabalho de Rove em fazer com que os republicanos comparecessem às urnas, muitos deles cristãos evangélicos, foi o fator decisivo.
Os republicanos também afirmam que Bush venceu por expandir o alcance do partido, de modo parecido ao que Ronald Reagan fez nos anos 80.
"Ele não se distanciou de nenhum elo da coalizão de centro-direita -contribuintes, proprietários, investidores, empresários, pessoas que tiram os filhos das escolas e ensinam em casa, donos de armas e todas as comunidades de fé", disse Grover Norquist, presidente da organização Americanos para a Reforma dos Impostos.
Rove sustenta que a votação recorde de 59 milhões de votos mostra que Bush não limitou seu apelo somente à base republicana, indo até pequenos empresários, famílias preocupadas com "a vulgaridade da cultura" e pais e mães apreensivos com o terrorismo.
Pesquisas no dia da eleição mostraram que o número de eleitores que se disseram preocupados com valores morais foi maior do que o daqueles que se disseram alarmados com guerra, terrorismo, economia ou empregos.
Se Bush e Rove estavam determinados desde o primeiro instante a fazer com que todos os cristãos evangélicos fossem às urnas, Kerry e sua equipe pareceram despertar relativamente tarde na campanha para o que as pesquisas por fim mostraram ser sua fraqueza com os eleitores, na questão sobre se os candidatos compartilhavam seus valores.
Enquanto Bush podia usar termos como "cultura da vida" e "exército da compaixão" para motivar os evangélicos, Kerry descobriu-se em púlpitos pregando a separação de Igreja e Estado.
"Ele estava tendo imensa dificuldade para se comunicar. Ele não é tão secular quanto a imagem que foi formada", disse Sam Greenberg, um dos responsáveis pelas pesquisas de opinião na equipe de Kerry.
Em Boston, na manhã seguinte à derrota, as duras avaliações começaram. Alguns assessores, que pediram que seus nomes não fossem revelados, já estavam apontando o que chamavam de maiores erros estratégicos cometidos.
Eles citaram a falta de uma mensagem clara e consistente até o meio de setembro e sugeriram que as constantes mudanças de temas e ataques ao presidente de alguma maneira corroboraram o argumento de Bush de que Kerry era muito indeciso e vacilante.
Muitos assessores disseram que o erro mais óbvio de Kerry foi sua demora em responder com vigor aos anúncios de veteranos do Vietnã que o acusaram de ser mentiroso, traidor e covarde.
Alguns dos assessores de longa data do senador afirmaram que, no fim das contas, sua campanha e seus caros consultores cometeram várias falhas, mas disseram que a culpa cabia ao próprio candidato pelo monte de estrategistas, sem nenhum claramente no comando -e cujo trabalho esteve freqüentemente defasado e fora de uma estratégia global. "A campanha nunca foi tão boa quanto o candidato. Mas isso também é reflexo do candidato", afirmou um velho amigo.


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