São Paulo, quarta-feira, 05 de novembro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA

Projeções indicam que Obama venceu McCain e é o novo presidente dos EUA

TVs apontam que candidato democrata negro ganhou Estados-chave no Colégio Eleitoral

Estimativa indica que 65% dos aptos a votar foram às urnas, o que significaria o comparecimento mais alto dos últimos 100 anos


Jewel Samad/France Presse
O democrata Barack Obama deixa sua seção eleitoral em Chicago; pouco antes de uma da manhã de hoje, emissoras projetavam sua vitória em Estados com peso importante no Colégio Eleitoral

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO

Barack Hussein Obama Júnior, de 47 anos, é o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos, indicam projeções da CNN e outras emissoras de TV norte-americanas. A vitória sobre o republicano John McCain, 72, foi anunciada depois que pesquisas de boca-de-urna apontaram que o candidato democrata vencera nos importantes Estados-chave de Ohio, Pensilvânia e Iowa, entre outros.
Se confirmada, a vitória marca uma mudança de partido, geração e orientação política no comando do país mais poderoso do mundo. Marca também a chegada ao poder de um político que nasceu nos anos 60, se apresenta como "pós-racial" e promete restaurar a imagem dos EUA no mundo, arranhada após oito anos de desmandos de George W. Bush.
Acontece num momento em que os EUA atravessam sua pior crise financeira em décadas e enfrentam duas guerras, do Iraque e do Afeganistão. Havaiano, filho de um queniano negro com uma branca do Meio-Oeste norte-americano, Obama será o primeiro senador desde JFK a assumir o cargo.
Sem experiência executiva, prenuncia um governo mais à esquerda em questões sociais e econômicas, mais diplomático em política externa e mais protecionista em comércio internacional que o atual.
Até a conclusão desta edição, às 2h15 de Brasília de hoje, nem Obama nem McCain tinham se pronunciado sobre os resultados. Havia um acordo para esperar que as urnas da Califórnia encerrassem a votação. Estudos indicam que depois que um presidente é anunciado vencedor, o comparecimento dos eleitores nos Estados da Costa Oeste cai entre 2% a 3%.
A derrocada da candidatura de McCain começou com o anúncio da vitória de Obama na Pensilvânia, importante Estado de maioria branca no qual o republicano havia investido nos últimos dias da corrida.
Consolidou-se com a conquista de Ohio, sem o qual nenhum republicano foi eleito presidente do país. Por fim, Iowa encerraria o argumento, sempre segundo as projeções.
Em comício recente em Ohio, o mais visitado pelos dois candidatos nos últimos dias, o próprio McCain dizia: "Conheço a história. Sei que nenhum republicano venceu a Casa Branca sem ganhar aqui. Por isso que preciso de vocês". Pois a crise econômica atual parece ter empurrado esse Estado industrializado do nordeste norte-americano e outros para os braços de Obama.
Nas projeções, o democrata tinha 297 votos no Colégio Eleitoral e 23 Estados ganhos, além de Washington. E McCain vencia em 16 Estados, o que lhe dava 139 votos no Colégio, todos esperados. São necessários 270 votos no Colégio Eleitoral para ser eleito presidente.
Segundo números preliminares de pesquisa de boca-de-urna divulgada pela CNN, a economia foi a maior preocupação de 62% dos eleitores. Em segundo lugar, veio a Guerra do Iraque, com 10%, seguida de terrorismo e saúde pública (9%). O instantâneo do humor popular favorecia Obama.
Na reta final da campanha, com a deterioração do mercado nos EUA, o democrata era apontado pela maioria dos ouvidos em pesquisas como o mais indicado para conduzir o país durante a crise. Já as questões de segurança nacional, prato forte do ex-herói de guerra John McCain, despencaram na lista de prioridades, segundo a boca-de-urna de ontem.
Ainda assim, de acordo com o mesmo estudo de ontem, dos que disseram que a Guerra do Iraque era o problema principal, 63% afirmaram ter votado em Obama, ante 36% que declararam voto no republicano.

Comparecimento
Já o Comitê para Estudo do Eleitorado Americano, da American University, em Washington, estimava que compareceriam às urnas ontem pelo menos 65% dos 200 milhões de cidadãos aptos a votar nos EUA, onde o voto não é obrigatório. Esse contingente de 130 milhões é o maior em número de eleitores na história do país.
A porcentagem bateria o recorde histórico recente, de 1960, quando 64,9% do eleitorado compareceu para escolher entre JFK e Richard Nixon, e poderia alcançar a marca de 66% de 1908 (eleição de William Taft), quando restrições legais não davam a todos os americanos o direito de votar.
"Nós não temos um sistema que é organizado, planejado ou financiado para funcionar com índices de votação que se afastem muito dos 50% de comparecimento em direção aos 100%", disse Doug Chapin, do Electionline.org, ligado ao renomado instituto Pew.
Os sinais da falha do sistema eram vistos em diversos Estados ao longo do dia. Iam de relatos de filas de até oito horas até problemas com os diversos modos de votação do país, que envolvem fichas de papelão perfuradas, cabines eletrônicas e a boa e velha cédula de papel.
As irregularidades levaram uma organização européia que monitora eleições em países com democracia frágil a mandar seu primeiro time de observadores aos EUA. Segundo relatório do grupo despachado pelo Office for Democratic Institutions and Human Rights, de Viena, "o alto número de novos eleitores, 10 milhões, levanta dúvidas sobre a capacidade dos postos de votação".


Acompanhe os resultados da eleição americana
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