|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SUCESSÃO NOS EUA
Projeções indicam que Obama venceu McCain e é o novo presidente dos EUA
TVs apontam que candidato democrata negro ganhou Estados-chave no Colégio Eleitoral
Estimativa indica que 65%
dos aptos a votar foram às
urnas, o que significaria
o comparecimento mais
alto dos últimos 100 anos
Jewel Samad/France Presse
|
|
O democrata Barack Obama deixa sua seção eleitoral em Chicago; pouco antes de uma da manhã de hoje, emissoras projetavam sua vitória em Estados com peso importante no Colégio Eleitoral
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO
Barack Hussein Obama Júnior, de 47 anos, é o primeiro
presidente negro da história
dos Estados Unidos, indicam
projeções da CNN e outras
emissoras de TV norte-americanas. A vitória sobre o republicano John McCain, 72, foi
anunciada depois que pesquisas de boca-de-urna apontaram que o candidato democrata vencera nos importantes Estados-chave de Ohio, Pensilvânia e Iowa, entre outros.
Se confirmada, a vitória marca uma mudança de partido, geração e orientação política no
comando do país mais poderoso do mundo. Marca também a
chegada ao poder de um político que nasceu nos anos 60, se
apresenta como "pós-racial" e
promete restaurar a imagem
dos EUA no mundo, arranhada
após oito anos de desmandos
de George W. Bush.
Acontece num momento em
que os EUA atravessam sua
pior crise financeira em décadas e enfrentam duas guerras,
do Iraque e do Afeganistão. Havaiano, filho de um queniano
negro com uma branca do
Meio-Oeste norte-americano,
Obama será o primeiro senador
desde JFK a assumir o cargo.
Sem experiência executiva,
prenuncia um governo mais à
esquerda em questões sociais e
econômicas, mais diplomático
em política externa e mais protecionista em comércio internacional que o atual.
Até a conclusão desta edição,
às 2h15 de Brasília de hoje, nem
Obama nem McCain tinham se
pronunciado sobre os resultados. Havia um acordo para esperar que as urnas da Califórnia encerrassem a votação. Estudos indicam que depois que
um presidente é anunciado
vencedor, o comparecimento
dos eleitores nos Estados da
Costa Oeste cai entre 2% a 3%.
A derrocada da candidatura
de McCain começou com o
anúncio da vitória de Obama na
Pensilvânia, importante Estado de maioria branca no qual o
republicano havia investido
nos últimos dias da corrida.
Consolidou-se com a conquista
de Ohio, sem o qual nenhum republicano foi eleito presidente
do país. Por fim, Iowa encerraria o argumento, sempre segundo as projeções.
Em comício recente em
Ohio, o mais visitado pelos dois
candidatos nos últimos dias, o
próprio McCain dizia: "Conheço a história. Sei que nenhum
republicano venceu a Casa
Branca sem ganhar aqui. Por isso que preciso de vocês". Pois a
crise econômica atual parece
ter empurrado esse Estado industrializado do nordeste norte-americano e outros para os
braços de Obama.
Nas projeções, o democrata
tinha 297 votos no Colégio
Eleitoral e 23 Estados ganhos,
além de Washington. E McCain
vencia em 16 Estados, o que lhe
dava 139 votos no Colégio, todos esperados. São necessários
270 votos no Colégio Eleitoral
para ser eleito presidente.
Segundo números preliminares de pesquisa de boca-de-urna divulgada pela CNN, a
economia foi a maior preocupação de 62% dos eleitores. Em
segundo lugar, veio a Guerra do
Iraque, com 10%, seguida de
terrorismo e saúde pública
(9%). O instantâneo do humor
popular favorecia Obama.
Na reta final da campanha,
com a deterioração do mercado
nos EUA, o democrata era
apontado pela maioria dos ouvidos em pesquisas como o
mais indicado para conduzir o
país durante a crise. Já as questões de segurança nacional,
prato forte do ex-herói de guerra John McCain, despencaram
na lista de prioridades, segundo
a boca-de-urna de ontem.
Ainda assim, de acordo com o
mesmo estudo de ontem, dos
que disseram que a Guerra do
Iraque era o problema principal, 63% afirmaram ter votado
em Obama, ante 36% que declararam voto no republicano.
Comparecimento
Já o Comitê para Estudo do
Eleitorado Americano, da
American University, em Washington, estimava que compareceriam às urnas ontem pelo
menos 65% dos 200 milhões de
cidadãos aptos a votar nos
EUA, onde o voto não é obrigatório. Esse contingente de 130
milhões é o maior em número
de eleitores na história do país.
A porcentagem bateria o recorde histórico recente, de
1960, quando 64,9% do eleitorado compareceu para escolher
entre JFK e Richard Nixon, e
poderia alcançar a marca de
66% de 1908 (eleição de William Taft), quando restrições
legais não davam a todos os
americanos o direito de votar.
"Nós não temos um sistema
que é organizado, planejado ou
financiado para funcionar com
índices de votação que se afastem muito dos 50% de comparecimento em direção aos
100%", disse Doug Chapin, do
Electionline.org, ligado ao renomado instituto Pew.
Os sinais da falha do sistema
eram vistos em diversos Estados ao longo do dia. Iam de relatos de filas de até oito horas
até problemas com os diversos
modos de votação do país, que
envolvem fichas de papelão
perfuradas, cabines eletrônicas
e a boa e velha cédula de papel.
As irregularidades levaram
uma organização européia que
monitora eleições em países
com democracia frágil a mandar seu primeiro time de observadores aos EUA. Segundo relatório do grupo despachado
pelo Office for Democratic Institutions and Human Rights, de
Viena, "o alto número de novos
eleitores, 10 milhões, levanta
dúvidas sobre a capacidade dos
postos de votação".
Acompanhe os resultados
da eleição americana
www.folha.uol.com.br
Texto Anterior: Venezuela 2: Receita notifica Odebrecht por dívida de US$ 281 milhões
Próximo Texto: McCain faz campanha até o fim Índice
|