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McCain faz campanha até o fim
Após votar no
Arizona, senador
faz comícios nos
vizinhos Novo
México e Colorado
em busca de virada
Apesar de favoritismo de
adversário, republicano
se mostrava confiante,
dizendo a seguidores que
será presidente dos EUA
FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A PHOENIX
Quando chegou ontem para
votar na sua seção eleitoral em
Phoenix, capital do Arizona, o
republicano John McCain não
quis saber de conversa com o
exército de repórteres que o esperava no local, uma igreja metodista, perto de sua casa. "O sr.
perdeu a eleição?", foi uma das
perguntas ouvidas por ele ao
sair, depois de gastar sete minutos para depositar seu voto.
Ficou em silêncio, franziu a testa e foi-se embora.
Antes de votar, ele deu entrevista bem cedo à rede de TV
ABC e disse: "Estou feliz por estar onde estou. Nós sempre nos
damos melhor quando estamos
na posição de segundo colocado". Referia-se às previsões que
o colocavam como azarão na
corrida pela Casa Branca.
A atitude de McCain na fase
final da campanha foi, como ele
mesmo disse em vários de seus
comícios, de "lutar até o final",
apesar das notícias ruins vindas
das pesquisas de opinião.
Ontem, depois de sair do local de votação às 9h18 (14h18
no Brasil), foi fazer campanha
no Novo México e no Colorado,
Estados vizinhos ao Arizona
que deram a vitória a Bush, em
2004, mas, neste ano, pendiam
para Obama. Mc Cain, contudo,
demonstrava estar disposto a
lutar até os últimos minutos
em que as seções de votação estivessem abertas.
"O Mac voltou", disse no Colorado, apresentando-se como
o único capaz de produzir "mudança de verdade" em Washington -argumento que usa
para se contrapor ao adversário, cujo slogan é "mudança da
qual precisamos". Concluiu sua
fala com as palavras de ordem
de sempre: "Nada é inevitável.
Nós nunca nos escondemos.
Nós não nos escondemos da
história. Nós fazemos história".
Na noite anterior, o supersticioso McCain fez questão de
dormir no Arizona, onde construiu toda a sua carreira política de 26 anos. Teve de se submeter a uma maratona.
Aos 72 anos, o republicano
mostrou intensa vitalidade na
segunda-feira. Em um único
dia, fez campanha em seis Estados (Flórida, Indiana, Tennessee, Pensilvânia, Novo México
e Nevada). Perto da meia-noite,
aterrissou no Arizona para comandar seu último comício, em
Prescott. Quando começou a
falar, já eram 34 minutos da
madrugada de terça-feira. Sua
mulher, Cindy, o apresentou ao
público com a voz embargada.
O candidato estava rouco. Terminou a longa véspera da eleição com uma frase retórica típica desses momentos: "Eu vou
ser presidente dos Estados
Unidos".
Em Wasilla, no Alasca, a candidata a vice na chapa republicana, Sarah Palin, votou ontem
bem cedo e resumiu seu estado
de espírito: "Amanhã [hoje], eu
espero, eu rezo, eu acredito que
eu poderei acordar como vice-presidente eleita".
Arizona
Estado historicamente favorável ao Partido Republicano
(desde 1952, a sigla só perdeu
uma eleição para presidente
lá), neste ano, o Arizona começou a titubear na reta final da
campanha. Há cerca de dez
dias, as pesquisas começaram a
mostrar o democrata Barack
Obama poucos pontos atrás de
McCain, com ambos empatados na margem de erro.
Foi resultado de uma estratégia obamista de avançar em locais que produzissem um efeito
desagregador no campo adversário. McCain se viu obrigado a
se defender onde acreditava já
ter garantido vitórias fáceis.
"E os republicanos reagiram,
mesmo. Há uma semana, quando as pesquisas mostraram o
avanço de Obama, comecei a
receber telefonemas gravados
com aquelas mensagens negativas sobre os democratas", relata Jane McNamara, 59, que
ontem votou na mesma seção
de McCain, em Phoenix.
McNamara é professora de
ensino médio e uma das raras
eleitoras de Obama na seção de
votação à qual a Folha esteve
presente ontem. Ela se disse
confiante na vitória do democrata "porque os republicanos
perderam muito do que tinham entre os eleitores latinos". O Arizona, que faz fronteira com o México, é uma das
portas de entrada para imigrantes da América Latina.
As chances de Obama cresceram no Arizona muito em virtude do aumento de eleitores
registrados. Em 2004, estavam
alistados 2,896 milhões de pessoas. Agora, 3,294 milhões.
180 mil
é o número de soldados que os
EUA mantêm nas guerras do
Iraque e do Afeganistão
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