São Paulo, quarta-feira, 05 de novembro de 2008

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McCain faz campanha até o fim

Após votar no Arizona, senador faz comícios nos vizinhos Novo México e Colorado em busca de virada

Apesar de favoritismo de adversário, republicano se mostrava confiante, dizendo a seguidores que será presidente dos EUA


FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A PHOENIX

Quando chegou ontem para votar na sua seção eleitoral em Phoenix, capital do Arizona, o republicano John McCain não quis saber de conversa com o exército de repórteres que o esperava no local, uma igreja metodista, perto de sua casa. "O sr. perdeu a eleição?", foi uma das perguntas ouvidas por ele ao sair, depois de gastar sete minutos para depositar seu voto. Ficou em silêncio, franziu a testa e foi-se embora.
Antes de votar, ele deu entrevista bem cedo à rede de TV ABC e disse: "Estou feliz por estar onde estou. Nós sempre nos damos melhor quando estamos na posição de segundo colocado". Referia-se às previsões que o colocavam como azarão na corrida pela Casa Branca.
A atitude de McCain na fase final da campanha foi, como ele mesmo disse em vários de seus comícios, de "lutar até o final", apesar das notícias ruins vindas das pesquisas de opinião.
Ontem, depois de sair do local de votação às 9h18 (14h18 no Brasil), foi fazer campanha no Novo México e no Colorado, Estados vizinhos ao Arizona que deram a vitória a Bush, em 2004, mas, neste ano, pendiam para Obama. Mc Cain, contudo, demonstrava estar disposto a lutar até os últimos minutos em que as seções de votação estivessem abertas.
"O Mac voltou", disse no Colorado, apresentando-se como o único capaz de produzir "mudança de verdade" em Washington -argumento que usa para se contrapor ao adversário, cujo slogan é "mudança da qual precisamos". Concluiu sua fala com as palavras de ordem de sempre: "Nada é inevitável. Nós nunca nos escondemos. Nós não nos escondemos da história. Nós fazemos história".
Na noite anterior, o supersticioso McCain fez questão de dormir no Arizona, onde construiu toda a sua carreira política de 26 anos. Teve de se submeter a uma maratona.
Aos 72 anos, o republicano mostrou intensa vitalidade na segunda-feira. Em um único dia, fez campanha em seis Estados (Flórida, Indiana, Tennessee, Pensilvânia, Novo México e Nevada). Perto da meia-noite, aterrissou no Arizona para comandar seu último comício, em Prescott. Quando começou a falar, já eram 34 minutos da madrugada de terça-feira. Sua mulher, Cindy, o apresentou ao público com a voz embargada. O candidato estava rouco. Terminou a longa véspera da eleição com uma frase retórica típica desses momentos: "Eu vou ser presidente dos Estados Unidos".
Em Wasilla, no Alasca, a candidata a vice na chapa republicana, Sarah Palin, votou ontem bem cedo e resumiu seu estado de espírito: "Amanhã [hoje], eu espero, eu rezo, eu acredito que eu poderei acordar como vice-presidente eleita".

Arizona
Estado historicamente favorável ao Partido Republicano (desde 1952, a sigla só perdeu uma eleição para presidente lá), neste ano, o Arizona começou a titubear na reta final da campanha. Há cerca de dez dias, as pesquisas começaram a mostrar o democrata Barack Obama poucos pontos atrás de McCain, com ambos empatados na margem de erro.
Foi resultado de uma estratégia obamista de avançar em locais que produzissem um efeito desagregador no campo adversário. McCain se viu obrigado a se defender onde acreditava já ter garantido vitórias fáceis.
"E os republicanos reagiram, mesmo. Há uma semana, quando as pesquisas mostraram o avanço de Obama, comecei a receber telefonemas gravados com aquelas mensagens negativas sobre os democratas", relata Jane McNamara, 59, que ontem votou na mesma seção de McCain, em Phoenix.
McNamara é professora de ensino médio e uma das raras eleitoras de Obama na seção de votação à qual a Folha esteve presente ontem. Ela se disse confiante na vitória do democrata "porque os republicanos perderam muito do que tinham entre os eleitores latinos". O Arizona, que faz fronteira com o México, é uma das portas de entrada para imigrantes da América Latina.
As chances de Obama cresceram no Arizona muito em virtude do aumento de eleitores registrados. Em 2004, estavam alistados 2,896 milhões de pessoas. Agora, 3,294 milhões.

180 mil
é o número de soldados que os EUA mantêm nas guerras do Iraque e do Afeganistão


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