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Opositores voltam a protestar no Irã
Manifestantes aproveitam celebração pelos 30 anos da tomada da Embaixada dos EUA em Teerã para retornar às ruas
Distúrbios deixam feridos e resultam em 20 pessoas presas; grupos governistas lembram que americanos ainda são maiores inimigos
DA ASSOCIATED PRESS
Contrariando ordens do governo, milhares de iranianos
aproveitaram as manifestações
para celebrar o 30º aniversário
da tomada da Embaixada dos
EUA em Teerã -fato que levou
à ruptura das relações com
Washington e abriu a era de
hostilidade com o Ocidente-
para protestar contra o presidente Mahmoud Ahmadinejad.
As manifestações antigoverno foram reprimidas a cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo, deixando vários feridos.
Ao menos 20 pessoas acabaram
detidas, segundo testemunhas.
Os oposicionistas usaram tática igual à da última vez em
que se manifestaram, há dois
meses: ir às ruas em meio a uma
celebração nacional para dar
mais visibilidade à sua rejeição
do governo. Em setembro, houve protestos anti-Ahmadinejad
no Dia contra Israel.
A oposição vinha anunciando
há semanas sua intenção de
usar o aniversário da tomada da
embaixada americana para retomar os protestos contra a
reeleição supostamente fraudulenta do conservador Ahmadinejad, no pleito de junho.
Os adversários do presidente
dizem que o verdadeiro vencedor foi o reformista Mir Hossein Mousavi (que teve 33,8%
dos votos contra 62.46% de Ahmadinejad, segundo resultados
oficiais) e exigem maiores liberdades individuais.
O governo prometera uma
repressão implacável contra
novas manifestações e instalara barreiras de isolamento e bases policiais por toda a cidade.
Mesmo assim, opositores
-em número muito menor do
que no início da crise- se espalharam pela capital.
A multidão retomou os cantos de protesto usados logo
após o pleito presidencial e incluíram um novo grito no seu
coro, para pressionar a Casa
Branca a ser mais firme contra
Ahmadinejad.
"Obama, escolha de que lado
você esta", gritava a multidão. A
maior parte dos manifestantes
usava roupas verde, cor-símbolo dos reformistas.
Segundo relatos, Mousavi foi
impedido pela polícia de sair de
casa para se juntar aos manifestantes. Mas o líder reformista
Mehdi Karoubi, quarto colocado na eleição presidencial, apareceu nos protestos e acabou
agredido por membros da milícia pró-governo Basij. Ele não
ficou ferido, mas um de seus seguranças teria sido levado ao
hospital.
Aos protestos antigoverno se
opuseram marchas de apoio a
Ahmadinejad e à Revolução Islâmica, que instaurou em 1979
o regime teocrático em vigor no
Irã. Em frente ao complexo que
servira de Embaixada dos EUA,
militantes ergueram um palanque onde governistas lembraram que os EUA são o principal
inimigo do Irã e que os 30 anos
de resistência da República Islâmica demonstram que a democracia islâmica é um exemplo para o mundo.
Aliados entre os anos 50 e 70,
Irã e EUA romperam depois
que militantes, em represália
ao asilo dado pelo então presidente Jimmy Carter ao xá deposto, tomaram 52 reféns na
embaixada americana em Teerã. O sequestro durou 444 dias.
A tensão se acirrou no início
dos anos 80, com o apoio da Casa Branca ao ataque lançado
pelo vizinho Iraque de Saddam
Hussein contra o Irã.
Sob Bill Clinton (1993-2001),
os EUA estiveram próximos da
retomada do diálogo com o Irã,
então presidido pelo reformista Mohammed Khatami.
Mas George W. Bush, sucessor de Clinton, incluiu o país no
"eixo do mal", com Iraque e Coreia do Norte, e acusou Teerã
de fomentar o terrorismo e de
desenvolver um programa nuclear secreto. O Irã nega as alegações e vem respondendo de
forma dúbia aos acenos apaziguadores de Obama.
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