São Paulo, quinta-feira, 05 de novembro de 2009

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PÓS-ELEIÇÃO

Ex-candidato diz que reeleição de presidente afegão é ilegítima

DA REDAÇÃO

O opositor afegão Abdullah Abdullah, que desistiu de concorrer à Presidência do país, disse ontem que a reeleição de Hamid Karzai é ilegal e que ele não será capaz de banir a corrupção ou de servir como um parceiro confiável do Ocidente.
As declarações foram feitas três dias depois de ele ter anunciado que não participaria do segundo turno por temor de novas fraudes -mais de 1 milhão de votos da primeira votação, em 20 de agosto, foram anulados por irregularidades.
Por isso, a Comissão Eleitoral Independente (CEI) cancelou o pleito e declarou o presidente reeleito, pondo fim a mais de dois meses de indefinição política no país.
Ontem, Abdullah disse que a decisão foi ilegal e criou um governo ilegítimo. Para ele, Karzai "não conseguirá lidar com todos os desafios" do país, citando a ameaça do terrorismo, problemas de segurança, a pobreza e o desemprego. Mas, apesar de criticar a decisão, disse que não irá questioná-la.
O ex-chanceler descartou a ideia de Karzai, que na véspera dera boas-vindas a opositores que queiram trabalhar a seu lado. "Não tenho nenhum interesse no futuro gabinete de Karzai e buscarei minha própria agenda, que é mudança", afirmou, sem explicar se houve qualquer acerto para que ele desistisse da candidatura.
Analistas veem Abdullah se posicionando como líder da oposição em um país onde partidos políticos não têm força e onde não há um vigoroso movimento contrário ao presidente, que tem enfrentado críticas de seus aliados do Ocidente por não combater a corrupção.
Ontem, o almirante Mike Mullen, chefe do Estado-Maior conjunto das Forças Armadas americanas, disse que a legitimidade de Karzai, "no melhor [cenário], está em dúvida agora e, no pior, não existe". Ele afirmou que Karzai "tem que tomar medidas concretas" contra a corrupção. "Isso significa que você precisa se livrar dos que são corruptos, realmente prendê-los e julgá-los."
Em discurso anteontem, o presidente prometera banir a corrupção, sem no entanto especificar como fará isso.
A pressão sobre Karzai ocorre em um momento em que o presidente dos EUA, Barack Obama, reavalia a estratégia para a guerra afegã, que já dura oito anos, e analisa se enviará um novo reforço de tropas ao país.
O novo gabinete de Karzai deve ser anunciado em até três semanas.

Com agências internacionais



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