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PÓS-ELEIÇÃO
Ex-candidato diz que reeleição de presidente afegão é ilegítima
DA REDAÇÃO
O opositor afegão Abdullah Abdullah, que desistiu
de concorrer à Presidência
do país, disse ontem que a
reeleição de Hamid Karzai é
ilegal e que ele não será capaz
de banir a corrupção ou de
servir como um parceiro
confiável do Ocidente.
As declarações foram feitas três dias depois de ele ter
anunciado que não participaria do segundo turno por
temor de novas fraudes
-mais de 1 milhão de votos
da primeira votação, em 20
de agosto, foram anulados
por irregularidades.
Por isso, a Comissão Eleitoral Independente (CEI)
cancelou o pleito e declarou
o presidente reeleito, pondo
fim a mais de dois meses de
indefinição política no país.
Ontem, Abdullah disse que
a decisão foi ilegal e criou um
governo ilegítimo. Para ele,
Karzai "não conseguirá lidar
com todos os desafios" do
país, citando a ameaça do
terrorismo, problemas de segurança, a pobreza e o desemprego. Mas, apesar de
criticar a decisão, disse que
não irá questioná-la.
O ex-chanceler descartou
a ideia de Karzai, que na véspera dera boas-vindas a opositores que queiram trabalhar a seu lado. "Não tenho
nenhum interesse no futuro
gabinete de Karzai e buscarei
minha própria agenda, que é
mudança", afirmou, sem explicar se houve qualquer
acerto para que ele desistisse
da candidatura.
Analistas veem Abdullah
se posicionando como líder
da oposição em um país onde
partidos políticos não têm
força e onde não há um vigoroso movimento contrário
ao presidente, que tem enfrentado críticas de seus aliados do Ocidente por não
combater a corrupção.
Ontem, o almirante Mike
Mullen, chefe do Estado-Maior conjunto das Forças
Armadas americanas, disse
que a legitimidade de Karzai,
"no melhor [cenário], está
em dúvida agora e, no pior,
não existe". Ele afirmou que
Karzai "tem que tomar medidas concretas" contra a
corrupção. "Isso significa
que você precisa se livrar dos
que são corruptos, realmente prendê-los e julgá-los."
Em discurso anteontem, o
presidente prometera banir
a corrupção, sem no entanto
especificar como fará isso.
A pressão sobre Karzai
ocorre em um momento em
que o presidente dos EUA,
Barack Obama, reavalia a estratégia para a guerra afegã,
que já dura oito anos, e analisa se enviará um novo reforço de tropas ao país.
O novo gabinete de Karzai
deve ser anunciado em até
três semanas.
Com agências internacionais
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