São Paulo, sábado, 05 de novembro de 2011

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Itália passará a ser monitorada pela direção do FMI

DO ENVIADO A CANNES

A Itália, terceira maior economia da eurozona, quarta maior da Europa, integrante do G7, o clube das grandes potências que dirigia o mundo até recentemente, atirou-se ontem em situação que só países em desenvolvimento mais descontrolados conheceram: supervisão do FMI.
Pior: a decisão foi tomada pelas próprias autoridades italianas, de acordo com a informação de José Manuel Durão Barroso, o presidente da Comissão Europeia. Explica-se: "O problema da Itália é a falta de credibilidade", fulminou ontem Christine Lagarde, que, como diretora-gerente do FMI, será a supervisora-chefe da Itália.
Traduzindo a frase de Lagarde: como ninguém -nem os parceiros europeus nem os demais países do G20 e menos ainda os mercados- acredita nas promessas sucessivas de reformas feitas pelo governo Silvio Berlusconi, foi preciso que o país se colocasse sob a vigilância de um organismo internacional, conhecido pelo rigor das suas receitas de ajuste.
Os mercados reagiram com desconfiança idêntica à dos últimos dias, cobrando pela renovação dos papéis italianos a mesma diferença, na comparação com os bônus alemães, de 4,5 pontos percentuais adicionais que são o limiar para a impossibilidade de rolar a dívida.
Foi mais ou menos esse diferencial que forçou Portugal e Irlanda a recorrer ao socorro europeu/FMI. A vigilância do FMI se centrará em três das reformas prometidas por Berlusconi: aposentadorias, legislação trabalhista e competitividade.
À primeira delas se opõe a Liga Norte, o grupo xenófobo que é o único aliado restante na coligação de Berlusconi. Foi justamente a resistência da Liga que impediu Berlusconi de chegar à cúpula do G20 com uma proposta confiável de reforma.
Se o FMI, que começa semana que vem a supervisionar a Itália, insistir na reforma, a Liga Norte tende a deixar cair o governo.
O premiê, no entanto, minimiza a supervisão e diz que a crise na Itália está longe de ser a que os jornais apontam. "Os restaurantes estão cheios."(CR)


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