São Paulo, sábado, 05 de novembro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Premiê grego leva voto de confiança, mas futuro do seu governo é incerto

Antes de votação no Parlamento, George Papandreou sinalizou disposição de deixar o cargo

Ele voltou a defender a ideia de um referendo sobre pacote de ajuda da União Europeia que desatou onda de críticas

CAROLINA VILA-NOVA
EM BERLIM

O primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, ganhou um voto de confiança do Parlamento, mas o futuro do governo é incerto.
A proposta foi aprovada por 153 votos a 145, e, momentos antes da votação, Papandreou sinalizou que está disposto a deixar o comando.
"A última coisa que me importa é o meu cargo. Eu não me importo nem se serei reeleito", disse aos congressistas. "Eu nunca pensei na política como profissão."
Segundo a Reuters, o ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, já conquistou o apoio de líderes de pequenos partidos para formar uma coalizão que seria comandada por ele.
Papandreou perdeu apoio até mesmo dentro do seu partido depois que propôs no início desta semana a realização de um referendo para saber se a população grega aprova o pacote de ajuda de € 130 bilhões negociado com as autoridades europeias.
Uma derrota de Papandreou poderia exigir a realização de eleições, colocando ainda mais dúvidas sobre o pacote de ajuda e sobre o futuro da economia grega.
Ao Parlamento o premiê disse que novas eleições seriam catastróficas.
"Estou em contato com o presidente e irei visitá-lo amanhã [hoje] para informá-lo de minhas intenções e que estou caminhando com todos os partidos na direção de uma coalizão ampla de governo, para acordar objetivos comuns, um prazo e até um novo chefe para essa coalizão."
O premiê defendeu ainda como "única saída" o cumprimento do programa de resgate aprovado na semana passada pela União Europeia -o mesmo programa que ele sugeriu, na segunda-feira, submeter a um referendo, detonando uma onda de turbulência que abalou mercados ao redor do mundo.
Na ocasião, ele propôs ainda um voto de confiança sobre seu governo.
"Esse acordo é uma grande chance, talvez a última, para reconstruir nosso país sob bases sólidas. Não podemos pô-lo a perder. Seria historicamente irresponsável. Do contrário, seremos mendigos", afirmou. "É nossa prioridade nacional."
E, apesar de reconhecer sua rejeição, defendeu o referendo, afirmando que, além dos mercados, existem também pessoas.
O anúncio do referendo pegou de surpresa o partido do premiê, a população e seus vizinhos europeus. Alemanha e França, que haviam liderado o esforço para aprovar o pacote não deixaram barato.
Disseram que o referendo deveria responder sobre a adesão da Grécia à zona do euro e pressionaram pela suspensão, até a consulta popular, da liberação de uma parcela da ajuda ao país equivalente a € 8 bilhões.
No dia seguinte, o referendo acabou engavetado, mas o voto de confiança foi mantido. Do lado de fora do Parlamento, milhares de pessoas ontem ficaram aguardando o veredicto.

INCERTEZA
Havia muitas dúvidas sobre a vitória de Papandreou, já que contava com maioria estreita -dois votos- e uma rebelião por parte de alguns membros de seu partido.
Nas seis horas de debates que antecederam a votação, parlamentares de seu partido e da oposição haviam sinalizado que votariam a favor do premiê desde que ele oferecesse sua saída e a formação de um governo de união sob nova liderança.

Com agências de notícias



Texto Anterior: Paul Krugman: Oligarquia à moda dos EUA
Próximo Texto: Frase
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.